São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

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TRANSPORTE

Com regras mais rígidas, sistema começa a funcionar para estudantes
Santo André implanta bilhete único

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Santo André, no ABC, começou neste mês a implantação do bilhete único em sua rede de ônibus -bandeira política da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT)-, porém com regras mais rígidas que incorporaram sugestões de opositores do modelo da capital paulista.
A integração gratuita na frota de 372 coletivos da região passou a valer no último dia 1º para os estudantes e será ampliada para todos os 4,8 milhões de passageiros mensais até dezembro de 2005.
Mas, diferentemente do que acontece em São Paulo, em Santo André os alunos -que já têm desconto de 50% na passagem por lei- podem usar as vantagens do bilhete único somente para ir e voltar no trajeto de casa para a escola, em dias úteis e em horários preestabelecidos.
Eles são cadastrados no sistema, que permite baldeação gratuita no intervalo de uma hora depois da entrada no primeiro ônibus -em vez de duas horas-, mas não a qualquer momento do dia.
A viagem precisa ser feita duas horas antes do horário de começo da aula ou duas horas depois do final da aula. Ou seja, quem estuda das 13h às 18h pode usar as vantagens do bilhete único das 11h às 13h e das 18h às 20h.
"É um benefício escolar. Não se destina ao lazer", justifica Epeus Pinto Monteiro, assistente técnico da Secretaria de Obras e Serviços Públicos da prefeitura, governada pelo petista João Avamileno.
O cadastramento dos mais de 25 mil estudantes será concluído em dois meses. Mas a rigidez do sistema é contestada por alunos que dizem ter horários flexíveis e querem ficar mais tempo na escola em alguns dias.
Na capital paulista, a proposta implantada por Marta para toda a população desde maio de 2004 permite aos estudantes -que pagam R$ 0,85, em vez de R$ 1,70- a utilização do bilhete único inclusive aos finais de semana.
Dados de agosto obtidos pela Folha apontavam que eles usavam a vantagem do cartão magnético com mais freqüência que os demais passageiros: 25,3% de suas viagens eram transferências gratuitas, contra 19,5% da média.
A constatação era vista com crítica por alguns técnicos sob a alegação de que poderia haver desvio de finalidade -já que os custos da gratuidades são debitados na tarifa dos demais passageiros, muitos dos quais mais pobres que os estudantes, ou em subsídios, custeados por toda a sociedade.

Reajuste
A implantação da primeira etapa do bilhete único de Santo André aconteceu depois do reajuste da passagem, de R$ 1,75 para R$ 2, que passou a vigorar em janeiro.
Monteiro diz que, embora esteja sendo adotada depois de São Paulo, a idéia já era uma diretriz desde 1999, quando houve a implantação de bilhetagem eletrônica no município. O projeto começou em 2002, mas foi feito com calma, diz ele, para não provocar "um rombo" financeiro.
Na capital paulista, a equipe do prefeito José Serra (PSDB) já acusou o antigo governo de ter feito a implantação às pressas. Já os petistas atacam a demora dos tucanos na adoção do Metropass -bilhete único de metrô e trens.
A Prefeitura de Santo André também incorporou em seu bilhete único uma crítica do secretário dos Transportes Metropolitanos do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Jurandir Fernandes, ao cartão magnético paulistano.
O bilhete adotado no ABC tem bloqueios que impedem ir e voltar pela mesma passagem, ainda que dentro do limite de uma hora.
"Não há razão para alguém entrar no ônibus às 7h e embarcar na mesma linha, no sistema contrário, às 7h45", afirma Monteiro. "Montamos um sistema equilibrado para não reverter de forma negativa ao usuário", disse, ressaltando que a gratuidade é embutida na passagem dos demais.


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