São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

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CARNAVAL 2006

Em meio aos preparativos finais, sambódromo tem seguranças de terno sob sol forte; camelôs não podem vender água no local

No palco do samba, funk embala ajustes

DA REPORTAGEM LOCAL

Um rinoceronte gigante chega imponente. Depois passa o rabo de uma cobra multicolorida. Em seguida, seres esquisitos, misturas de demônios, dragões e faunos, desfilam em cima de um caminhão. Nada muito estranho quando se trata de um sambódromo na véspera dos desfiles. No entanto, na tarde de ontem, o que chamava a atenção no Anhembi era a trilha sonora -o funk carioca no lugar de samba- e homens fortes de terno preto e gravata, sob um calor de mais de 30C, no fundo da concentração.
Eram os seguranças da Império da Casa Verde. Preocupada com possíveis sabotagens ou com acidentes, a escola contratou uma equipe profissional de segurança, que passa 24 horas cercando a baia onde ficam os carros alegóricos da agremiação campeã do ano passado. A imagem dos seguranças alinhados ao lado dos extintores de incêndio contrastava com a informalidade dos artesãos que trabalham nos carros.
"A gente tem que manter a linha, se diferenciar, para saberem quem somos", explicava o coordenador de segurança da agremiação, Édson Seródio. "Nem o calor pode atrapalhar. Para não sacrificar ninguém, fazemos um rodízio para cada hora um ficar na sombra e tomar uma água."
Além dos seguranças, o sol castigava também os que trabalharam durante a madrugada e tentavam descansar. Como o sambódromo paulistano não possui nenhuma sombra, a solução era dormir debaixo -ou até dentro- dos carros alegóricos.
Para matar a sede, outro problema. Proibidos de trabalhar nos portões do Anhembi, os camelôs se "fantasiavam" de motoristas e ficavam vendendo água, refrigerantes e lanches de dentro de seus carros. Quando alguém passava ao lado, perguntavam baixinho se queriam alguma coisa. A garrafa de refrigerante de dois litros, procurada pelas turmas de artesãos, saía por até R$ 4.
No sambódromo, enquanto os carros alegóricos chegavam pela pista, carros importados de diretores das agremiações estacionavam em suas baias. Apesar de algumas trabalharem em silêncio, outras eram movidas ao som de funk carioca, que saía dos alto-falantes dos veículos. "A gente fica tão concentrado que nem percebe o que está tocando", dizia Sérgio Ribeiro, 25, escultor da Leandro de Itaquera, que pintava os cabelos de uma Iemanjá. "Tem que ficar tudo pronto até a hora de entrar na avenida. Até lá, é trabalho dia e noite." (DANIELA TÓFOLI)

NA TV - Rede Globo, a partir das 22h40


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