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CARNAVAL 2006
Em meio aos preparativos finais, sambódromo tem seguranças de terno sob sol forte; camelôs não podem vender água no local
No palco do samba, funk embala ajustes
DA REPORTAGEM LOCAL
Um rinoceronte gigante chega
imponente. Depois passa o rabo
de uma cobra multicolorida. Em
seguida, seres esquisitos, misturas
de demônios, dragões e faunos,
desfilam em cima de um caminhão. Nada muito estranho quando se trata de um sambódromo
na véspera dos desfiles. No entanto, na tarde de ontem, o que chamava a atenção no Anhembi era a
trilha sonora -o funk carioca no
lugar de samba- e homens fortes de terno preto e gravata, sob
um calor de mais de 30C, no fundo da concentração.
Eram os seguranças da Império
da Casa Verde. Preocupada com
possíveis sabotagens ou com acidentes, a escola contratou uma
equipe profissional de segurança,
que passa 24 horas cercando a
baia onde ficam os carros alegóricos da agremiação campeã do ano
passado. A imagem dos seguranças alinhados ao lado dos extintores de incêndio contrastava com a
informalidade dos artesãos que
trabalham nos carros.
"A gente tem que manter a linha, se diferenciar, para saberem
quem somos", explicava o coordenador de segurança da agremiação, Édson Seródio. "Nem o
calor pode atrapalhar. Para não
sacrificar ninguém, fazemos um
rodízio para cada hora um ficar
na sombra e tomar uma água."
Além dos seguranças, o sol castigava também os que trabalharam durante a madrugada e tentavam descansar. Como o sambódromo paulistano não possui nenhuma sombra, a solução era
dormir debaixo -ou até dentro- dos carros alegóricos.
Para matar a sede, outro problema. Proibidos de trabalhar nos
portões do Anhembi, os camelôs
se "fantasiavam" de motoristas e
ficavam vendendo água, refrigerantes e lanches de dentro de seus
carros. Quando alguém passava
ao lado, perguntavam baixinho se
queriam alguma coisa. A garrafa
de refrigerante de dois litros, procurada pelas turmas de artesãos,
saía por até R$ 4.
No sambódromo, enquanto os
carros alegóricos chegavam pela
pista, carros importados de diretores das agremiações estacionavam em suas baias. Apesar de algumas trabalharem em silêncio,
outras eram movidas ao som de
funk carioca, que saía dos alto-falantes dos veículos. "A gente fica
tão concentrado que nem percebe
o que está tocando", dizia Sérgio
Ribeiro, 25, escultor da Leandro
de Itaquera, que pintava os cabelos de uma Iemanjá. "Tem que ficar tudo pronto até a hora de entrar na avenida. Até lá, é trabalho
dia e noite."
(DANIELA TÓFOLI)
NA TV - Rede Globo, a partir
das 22h40
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