São Paulo, terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

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PEROLINA ROSA DA CONCEIÇÃO RODRIGUES (1928-2009)

Teve 1 salário mínimo para cuidar de 7 filhos

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

A filha de trabalhadores rurais Perolina Rosa da Conceição Rodrigues migrou da Bahia para Presidente Bernardes, em São Paulo, aos nove anos, acompanhada da família. Jacintho, o marido, partiu da Espanha com destino ao Brasil ainda na barriga da mãe. Nasceu no navio. Quando os dois se casaram, Perolina, então com 22, 23 anos, largou o emprego de doméstica e se mudou para Guarulhos (Grande SP) com o marido, já feito carpinteiro.
Perola, como era chamada pelas filhas, ocupava-se exclusivamente de cuidar da casa, até que, há 39 anos, o marido morreu com problemas cardíacos, e ela se viu sozinha com os sete filhos.
Naquela época, não fazia ideia de quanto custava um quilo de feijão, lembra a filha Cléo. "Ela foi uma heroína, um exemplo para os filhos. A pensão deixada pelo meu pai era de apenas um salário mínimo", conta a filha.
Perola voltou ao batente. "Ela fazia faxina, lavava roupa, costurava e arrumava serviços que os filhos conseguiam fazer em casa, como montar guarda-chuvas", diz.
Os filhos cresceram, conseguiram emprego e passaram a ajudar a mãe. "Dávamos metade do salário a ela." Recentemente, morava com uma filha em São Roque (SP). Começara a esquecer nomes -tinha Alzheimer.
Na quinta, morreu aos 80 anos, devido a um câncer de fígado. Deixa sete filhos e oito netos. Daqui a três meses, ganharia a segunda bisneta.

obituario@grupofolha.com.br


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