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PEROLINA ROSA DA CONCEIÇÃO RODRIGUES (1928-2009)
Teve 1 salário mínimo para cuidar de 7 filhos
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
A filha de trabalhadores
rurais Perolina Rosa da Conceição Rodrigues migrou da
Bahia para Presidente Bernardes, em São Paulo, aos
nove anos, acompanhada da
família. Jacintho, o marido,
partiu da Espanha com destino ao Brasil ainda na barriga da mãe. Nasceu no navio.
Quando os dois se casaram, Perolina, então com 22,
23 anos, largou o emprego de
doméstica e se mudou para
Guarulhos (Grande SP) com
o marido, já feito carpinteiro.
Perola, como era chamada
pelas filhas, ocupava-se exclusivamente de cuidar da
casa, até que, há 39 anos, o
marido morreu com problemas cardíacos, e ela se viu sozinha com os sete filhos.
Naquela época, não fazia
ideia de quanto custava um
quilo de feijão, lembra a filha
Cléo. "Ela foi uma heroína,
um exemplo para os filhos. A
pensão deixada pelo meu pai
era de apenas um salário mínimo", conta a filha.
Perola voltou ao batente.
"Ela fazia faxina, lavava roupa, costurava e arrumava
serviços que os filhos conseguiam fazer em casa, como
montar guarda-chuvas", diz.
Os filhos cresceram, conseguiram emprego e passaram a ajudar a mãe. "Dávamos metade do salário a ela."
Recentemente, morava com
uma filha em São Roque
(SP). Começara a esquecer
nomes -tinha Alzheimer.
Na quinta, morreu aos 80
anos, devido a um câncer de
fígado. Deixa sete filhos e oito netos. Daqui a três meses,
ganharia a segunda bisneta.
obituario@grupofolha.com.br
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