São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

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DEJANIRA GONÇALVES SILVA (1908-2011)

Deu aulas do lado de lá do Tietê

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Para chegar até os alunos, na margem de lá do rio, Dejanira Gonçalves Silva tinha que cruzar o Tietê de balsa. Quando era professora, muitos anos atrás, não tinha ponte onde ela fazia a travessia.
Ela nasceu em 1908, em Mairinque, que naquela época ainda nem era município. Por isso, foi registrada em São Roque, a 66 km de SP.
O pai havia saído do Rio para trabalhar na região como caldeireiro da estrada de ferro, até que decidiu se mudar para a Lapa, zona oeste da capital paulista, de onde Dejanira nunca mais sairia.
Ela fez escola normal e foi trabalhar na alfabetização de crianças. Lecionou em cidades do interior de SP, como Socorro, Morungaba e Arujá, onde ensinou a criançada japonesa a ler e a escrever.
Em 1939, casou-se com Altino, um funcionário dos Correios. Construíram uma casinha na rua Guaricanga, que existe até hoje na Lapa, e lá criaram o único filho, Almir.
Em São Paulo, ela foi uma das primeiras professoras do colégio Campos Salles.
Como as classes eram separadas por sexo, e ela só ensinava meninos, certa vez montou uma sala mista para dar aula também para as sobrinhas. Trabalhava toda arrumada, de chapéu e luva, e ensinava matemática cantando. Dava reforço em casa para os alunos mais fracos.
Com muitos deles, manteve contato ao longo do tempo. Uma aluna japonesa, por exemplo, com mais de 90 anos, ligava sempre para ela. Muito religiosa, Dejanira ensinou também catecismo.
Viúva desde 2002, ela morreu no sábado, aos 102 anos, de problemas cardíacos. Deixa um filho e três netos.

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