São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011 |
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"Eu me senti um nada", afirma mulher xingada por prefeito Depois de desabamento, desempregada ouviu de Amazonino Mendes que ela deveria morrer Na ocasião, três pessoas morreram soterradas em Manaus; Laudenice de Paiva, 37, diz que perdeu tudo na tragédia
KÁTIA BRASIL Folha - Por que a senhora veio para o Amazonas? Laudenice Cantalista de Paiva - Sou de Prainha, no Pará. E a vida lá era muito difícil. Meu marido arrumou emprego aqui e eu também. Trabalhava como doméstica. E como a sra. chegou a Santa Marta, em Manaus? Vim porque não tinha condição de comprar terreno em outro canto. Não é uma invasão, mas é área de risco. Paguei R$ 6.000. No domingo, durante a chuva, a água invadiu a casa. Perdi o fogão. Fiquei sem roupa para usar. Como foi o encontro com o prefeito? Pensei: "Vou correr para ele ajudar". Estava em estado de choque. Eu disse: "Só o senhor para solucionar nosso problema". Ele: "Quem manda invadir área de risco?" Eu disse: "Não temos condições de morar onde o senhor mora. Por isso estamos aqui". Ele perguntou: "De onde você é?". Eu disse: "Do Pará". E ele: "Tá explicado". Depois o pessoal da prefeitura saiu me empurrando. Hoje me sinto muito humilhada [chora]. Passo na rua e o pessoal manga de mim. E quando ele disse "morra"? Para mim, a vida acabou naquele momento. Eu me senti um nada. Sobre a moradia, o que ficou definido? Meu desespero maior era para ter uma casinha. Todo mundo perdeu tudo. Quando desabou a casa [dos vizinhos, matando três deles], ligamos para os bombeiros, mas eles não apareceram e nós cavamos com a mão para retirar os corpos. Meu filho tirou uma criança. Meus filhos não dormem. O que a sra. vai fazer? Minha vontade é processar por discriminação. Não pediu desculpas. Vou procurar meus direitos. Texto Anterior: Vídeo do caso da escrivã abre crise na Polícia Civil de SP Próximo Texto: Frase Índice | Comunicar Erros |
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