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TRANSPORTE
Tribunal diz que concessionárias investiram menos que a previsão e pune ex-secretário por falha em fiscalização
TCE impõe multa por contrato de rodovia
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O TCE (Tribunal de Contas do
Estado) de São Paulo considerou
ontem irregular a execução dos
contratos das concessionárias
Vianorte e Autovias, que administram estradas na região de Ribeirão Preto (314 km de SP), e impôs a aplicação de multas no valor
total de R$ 24.980 ao ex-secretário
estadual dos Transportes Michael
Zeitlin e ao ex-coordenador do
programa de concessão de rodovias José Vitor Soalheiro Couto.
A punição a Zeitlin e a Couto foi
justificada em razão de "falha na
fiscalização e na adoção de medidas concretas" para que as exigências contratuais fossem cumpridas. Eles ainda poderão recorrer dessa decisão.
O TCE analisou as obras e investimentos feitos pelas concessionárias entre 6 de março de 1998 e 31
de dezembro de 1999.
Segundo as apurações do TCE, a
Vianorte, que deveria ter feito investimentos de R$ 168,6 milhões
nesse período, gastou apenas R$
45,7 milhões, menos de um terço
do montante contratado. No caso
da Autovias, a defasagem atingiu
81,71% até junho de 1999.
O tribunal identificou a falta de
execução de obras como recapeamento de pistas, automatização
da arrecadação do pedágio e implantação de passarela. Em seu relatório, diz ainda que não houve
uma compensação em favor dos
usuários por conta do descumprimento desses itens, estando "os
valores cobrados, a título de pedágio, em montantes superiores aos
benefícios prestados".
O voto do conselheiro do TCE
Eduardo Bittencourt Carvalho
também cobra do governo de São
Paulo que destine a verba paga
mensalmente pelas 12 concessionárias a investimentos na malha
rodoviária que não foi concedida,
conforme era previsto inicialmente. O relatório aponta que esse dinheiro pode estar sendo usado pelo DER (Departamento de
Estradas de Rodagem) para quitar suas dívidas com a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.),
ambos ligados ao Estado.
A decisão do TCE, nos dois casos, se deu por dois votos (dos
conselheiros Bittencourt Carvalho e Edgar Camargo Rodrigues)
contra um (de Robson Marinho).
A multa a Zeitlin e a Couto foi de
R$ 12.490 para cada contratação,
totalizando R$ 24.980 para cada
um. O tribunal também investiga
a execução dos contratos das outras dez concessionárias.
A Autovias e a Vianorte informaram, pela assessoria de imprensa, não ter conhecimento do
teor da decisão e que, por esse
motivo, não se manifestariam. A
Artesp (agência do governo do
Estado que regula as concessões)
também adotou essa posição.
O ex-secretário Michael Zeitlin
afirmou que não conhecia a decisão, que não foi citado pelo TCE
para se defender e que, por esse
motivo, não tinha nada a declarar.
O ex-coordenador do programa
de concessão de rodovias José Vitor Soalheiro Couto também afirmou à Folha não ter tido "direito
de defesa". Ele afirmou achar "esquisita" a decisão por uma série
de fatores. Couto disse ter assumido essa função apenas no segundo semestre de 1999 -enquanto
as irregularidades no contrato da
Autovias se referem a meses anteriores. No caso da Vianorte, do total de um ano e dez meses analisados, ele alega que estava no cargo
apenas durante um semestre.
"Também é estranho que níveis
de responsabilidade diferentes resultem em multas iguais", afirmou Couto. Segundo ele, as decisões da comissão de concessões
não eram tomadas apenas pelo
coordenador. Ele irá recorrer.
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