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ACIDENTE NO CEARÁ
Perícia conclui que falta de iluminação impediu uso de alavancas de emergência; 42 pessoas morreram
Laudo aponta falha em segurança de ônibus
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O laudo sobre o acidente com o
ônibus da Itapemirim em que
morreram 42 pessoas, na madrugada do sábado de Carnaval, no
Ceará, concluiu que os passageiros não conseguiram sair do veículo por falta de informação e de
visualização das saídas de emergência, que não tinham iluminação. Todos os passageiros e o motorista morreram afogados.
A diretoria da Itapemirim estava reunida ontem e não havia se
manifestado sobre o laudo até o
fechamento desta edição.
Segundo os peritos do Instituto
de Criminalística do Ceará, das
quatro saídas laterais disponíveis,
nas janelas, duas estavam desobstruídas -mesmo após o ônibus
tombar para dentro de um açude,
às margens da BR-116, no município de Barro (a 536 km de Fortaleza)- e poderiam ter sido usadas.
Para tanto, seria necessário puxar duas alavancas vermelhas,
que servem para soltar a borracha
de vedação das janelas. No escuro
e debaixo d'água, sem saber se
existiam as saídas de emergência,
que não tinham iluminação, as 42
pessoas morreram afogadas. As
alavancas se mantiveram intactas.
Marcas de chutes no teto do
ônibus e próximo às janelas mostram que os passageiros tentaram
sair, mas não conseguiram.
"A partir desse acidente, as autoridades devem pensar em mecanismos que tornem as saídas de
emergência dos ônibus rápidas e
fáceis de serem usadas, mesmo no
escuro", diz o perito Lauro Rocha.
A perícia testou uma das alavancas de emergência, do lado direito do ônibus, por onde os passageiros poderiam ter saído, e verificou que ela não apresentava
defeito. "Também fica descartada
a hipótese de que a pressão da
água, do lado de fora, teria impedido a abertura das janelas, porque os vidros do lado esquerdo
quebraram com o acidente e logo
o ônibus ficou cheio de água,
igualando a pressão interna à externa", afirmou Rocha.
O ônibus da Itapemirim, ano
95, havia saído de Fortaleza com
destino a Salvador.
O Instituto de Criminalística
não conseguiu identificar o motivo que teria levado o motorista a
desviar o trajeto do ônibus de forma brusca e jogá-lo no açude.
"Apenas verificamos, no local
onde houve o desvio, marcas de
pneus, que podem ser de carros
pequenos ou carroças. Portanto,
podemos supor que o motorista
tenha tentado desviar de alguma
coisa", disse o perito.
Segundo o diretor técnico-científico da Secretaria de Segurança
Pública do Ceará, Francisco Simão, não há como saber se o motorista dormiu ao volante no momento do acidente.
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