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SEGURANÇA
Eles morreram asfixiados com a fumaça de colchões queimados; motim acabou após a Tropa de Choque ameaçar invadir
Sete presos morrem em nova rebelião em SP
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JUNDIAÍ
Depois de quase 21 horas, terminou ontem no final da manhã a
rebelião na Cadeia Pública de Jundiaí (SP) com sete presos mortos e
ao menos dois detentos e uma refém feridos. As vítimas morreram
asfixiadas com a fumaça de colchões queimados, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
A cadeia estava superlotada.
Tem capacidade para 120 pessoas,
mas abrigava 484 -incluindo
cerca de 20 adolescentes. A Secretaria da Segurança Pública informou à noite que cem presos seriam transferidos para prisões.
Os presos se renderam e entregaram os reféns após um ultimato
do comandante da Tropa de Choque, coronel Joviano Conceição
Lima, de que os cerca de 50 homens da corporação invadiriam o
local caso não houvesse acordo. A
ameaça, porém, foi feita horas depois das mortes.
O motim em Jundiaí ocorreu
dois dias após uma série de rebeliões em prisões em quatro municípios do Estado. Só neste ano, já
foram 27 revoltas no sistema prisional (que não inclui carceragens
e cadeiões) -o mesmo número
de todo o ano passado.
A rebelião começou anteontem
por volta das 14h30 após uma tentativa frustrada de fuga. Em seguida, cinco funcionários foram feitos reféns -eles só foram liberados ontem pela manhã.
Os sete presos que morreram
asfixiados estavam, segundo a Polícia Militar, na "cela do seguro"
-onde ficam os detentos ameaçados de morte pelos demais. Os
colchões foram queimados tanto
dentro quanto fora dessa cela.
A polícia trabalha com duas hipóteses: ou os cerca de 30 presos
que estavam no "seguro" atearam
fogo em colchões para que os demais não entrassem ou o incêndio
foi provocado pelos que estavam
do lado de fora justamente para
matar os que estavam na cela.
A Tropa de Choque foi acionada pela manhã e chegou a se posicionar para invadir o local. "Dei a
eles [rebelados] dez minutos para
que se rendessem ou a tropa invadiria", disse o coronel.
A assessoria da Secretaria da Segurança Pública informou que a
polícia segue a regra de só invadir
depois de esgotados todos os tipos de negociação. Disse ainda
que a polícia não podia prever que
os sete presos morreriam asfixiados por causa de um incêndio que
eles mesmos causaram.
Segundo o delegado Paulo Sérgio Martins, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) acompanhou
diretamente as negociações por
meio de contatos telefônicos com
a cúpula da secretaria.
À tarde, Alckmin afirmou que a
rebelião na cadeia e as que ocorreram nesta semana foram "articuladas". "Não é uma coisa espontânea, é articulada, e o governo vai
para cima", disse. A exemplo das
demais rebeliões, ele voltou a dizer que os líderes do motim serão
levados ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado).
Ele ainda reclamou que está enfrentando problemas judiciais para construir um CDP. "A obra está parada por um embargo."
Após a chegada da Tropa de
Choque, por volta das 9h30, a imprensa e os parentes foram afastados a cerca de cem metros do portão principal da cadeia.
Do lado de fora, ao menos cinco
familiares conversavam com presos por meio de celulares. "O meu
marido disse que a rebelião começou por causa da superlotação.
Foi tudo queimado lá dentro",
afirmou a dona-de-casa Cleonildes Ferreira Nascimento, 28.
Parentes dos presos denunciaram maus-tratos. O delegado seccional de Jundiaí, Joaquim Dias
Alves, porém, negou a afirmação.
Na semana passada, os presos
haviam tentado uma fuga por um
túnel, mas não conseguiram. De
acordo com a polícia, os amotinados, além de depredar a cadeia,
pegaram as armas dos reféns. Segundo a Polícia Civil, havia ao
menos duas armas de fogo em poder dos presos.
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