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Polícia apura estupro de menina do Pinel
Crime teria sido cometido em fevereiro por segurança do hospital psiquiátrico onde a jovem de 15 anos está internada
Adolescente recebeu alta há quatro anos, mas família não a quer de volta e prefeitura diz ter achado só agora abrigo para recebê-la
Marlene Bergamo - 18.mar.2010/Folha Imagem
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Clínica do Hospital Psiquiátrico Pinel, onde a menina identificada como 23225 ficou mais de quatro anos internada irregularmente
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
MARLENE BERGAMO
REPÓRTER-FOTOGRÁFICA
O 87º Distrito Policial, em Pirituba, zona oeste de São Paulo,
investiga denúncia de estupro
da adolescente 23225, de 15
anos, dentro do Hospital Psiquiátrico Pinel. O crime teria
sido cometido em 21 de fevereiro, pelo segurança da guarita nº
2 do complexo manicomial.
23225 é o número do prontuário médico da menina, que
foi internada no Pinel aos 11
anos com diagnóstico de "transtorno de conduta" e continua lá,
quatro anos e três meses após
ter alta, conforme revelou a Folha no domingo. No prontuário
há a descrição de seu comportamento, "justificando" o pedido de internação: "inteligente,
agressiva, indisciplinada, sem
respeito, fria e calculista".
A mãe de 23225 está presa
por tráfico e roubo, a avó não a
quer por perto e a prefeitura
não conseguiu, nestes quatro
anos, achar um abrigo de crianças em condições de acolhê-la.
O delegado João Batista Filogônio registrou a ocorrência
como "estupro de vulnerável",
crime que se caracteriza, entre
outras práticas, por manter
"conjunção carnal com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento".
A Folha apurou junto a funcionários do hospital psiquiátrico que 23225 os avisou do
ocorrido ao ser encontrada na
guarita do acusado. "Vai, tio,
conta que a gente teve relação."
Na ocasião, dizem os funcionários, o suspeito admitiu o ato.
23225 é medicada com a droga haloperidol (Haldol), usada
em pacientes psicóticos. Provoca sonolência, letargia, torpor -na língua dos internos, "o
cara fica chapado".
O segurança acusado trabalha em uma empresa terceirizada. "Sumiu" depois do BO. A
menina foi levada ao Hospital
Pérola Byington, especializado
em violência contra a mulher,
onde fez exame de corpo de delito. O resultado ainda não saiu.
O caso revoltou funcionários
do Pinel. Há um mês, o hospital
experimenta, com autorização
do juiz Reinaldo Cintra Torres
de Carvalho, alocar a menina
num de seus "lares abrigados".
Antes, ela vivia numa ala fechada dedicada só a crianças e adolescentes, em quadros agudos.
O diretor do Pinel, Eduardo
Guidolin, não deu entrevista,
alegando que o caso corre em
segredo de Justiça. Em nota, a
Secretaria de Estado da Saúde
disse: "O Pinel afastou imediatamente o profissional e solicitou sua substituição à empresa
de segurança contratada."
O promotor Francismar Lameza, da Vara da Infância e da
Juventude do Foro Regional da
Lapa, disse via assessoria que
"tem feito todos os esforços no
sentido de obter vaga (...) em
uma instituição que possa abrigá-la adequadamente".
A prefeitura afirmou que já
conseguiu vaga num abrigo e a
transferência da menina "está
em fase de preparação".
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