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Delegados de SP começam operação padrão
Objetivo é pressionar Estado a abrir negociações sobre plano de carreira e reestruturação da Polícia Civil
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
DA FOLHA ONLINE
Delegados de Polícia Civil de
São Paulo iniciaram ontem
uma "operação padrão" para
tentar forçar o governo estadual a abrir negociações sobre
planos de carreira e reestruturação da Polícia Civil.
Essa "operação padrão" promete tornar mais lento o atendimento ao público. Os líderes
do movimento não descartam
uma interrupção total dos serviços nas delegacias, caso o governo não se manifeste.
A Adpesp (Associação dos
Delegados de Polícia do Estado
de SP), ligada à Força Sindical
-entidade sindical que faz oposição ao governador José Serra
(PSDB)- criou até uma cartilha para orientar a categoria sobre como agir durante o movimento. Na prática, a regra é
cumprir rigorosamente só o
que está previsto em lei para a
atividade dos delegados.
As entidades de delegados
reivindicam, entre outras coisas, uma reestruturação da carreira, que inclua o reconhecimento da profissão como carreira jurídica, o que possibilitaria equiparar o salário ao de um
promotor -hoje, de cerca de
R$ 18 mil. Um delegado em início de carreira recebe R$ 5.810.
No início do mês, a Secretaria
da Segurança Pública -já diante da possibilidade da greve-
apresentou uma proposta de
aumento salarial para policiais
civis, militares e científicos do
Estado de até 23,82% (caso dos
soldados de segunda classe da
PM em cidades com até 200 mil
habitantes). Para a Adpesp, a
proposta do governo não avança nas negociações.
A Secretaria de Segurança
Pública não se pronunciou ontem sobre a decisão da categoria de fazer a operação padrão.
Cartilha
Uma das orientações da cartilha da associação é atender
"atenciosamente" todas as pessoas que procurarem as delegacias para registrar ocorrências
e elaborar todos os documentos necessários, mesmo que isso forme fila na unidade. Neste
caso, os policiais devem explicar às pessoas que a culpa pela
espera não é do funcionário,
mas da falta de investimento e
de estrutura da polícia.
A cartilha ainda revela situações irregulares que ocorrem
nas delegacias, como registrar
boletim de ocorrência sem a
presença de um delegado, trabalhar com computador levado
de casa e usar carro sem todos
os equipamentos de segurança.
Todas essas ações terão de ser
evitadas, segundo a cartilha.
"Queremos prestar um serviço de qualidade para a população paulista, algo que vamos
conseguir apenas com a reestruturação", afirma a presidente da entidade, Marilda Pansonato Pinheiro.
Ela afirma também que falta
diálogo com o Palácio dos Bandeirantes e que a possível intransigência do governador José Serra (PSDB) pode levar a
categoria a uma paralisação total, como ocorreu em 2008. "É
algo que não está descartado."
O acordo de reestruturação
da carreira foi firmado em
2008 durante a greve da categoria, após o confronto entre
policiais civis e militares próximo ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
"Não queremos que aconteça
de novo [o confronto entre as
polícias]", disse Marilda.
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