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MEDICINA PRIVADA
Medida é vista como privilégio; apenas 38% dos trabalhadores federais têm serviço pago pelo governo
Planejamento quer dar plano a servidor
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério do Planejamento
quer dar acesso a planos de saúde
subsidiados pelo governo a 100%
dos trabalhadores federais.
A medida é vista como um privilégio por integrantes da Comissão de Saúde Suplementar do
Conselho Nacional de Saúde, que
pretende levar o assunto a debate
na reunião do órgão de controle
social no próximo mês.
Segundo Luiz Roberto Domingues, coordenador geral de Seguridade Social, hoje apenas 1,8 milhão de pessoas -38% dos trabalhadores federais- contabilizados pensionistas, têm plano privado financiado pelo governo.
Neste ano serão gastos R$ 667
milhões com o benefício para os
servidores, mais do que o orçamento aprovado para a compra
de medicamentos contra a Aids,
por exemplo.
Domingues disse que ainda estão sendo feitos estudos sobre
quanto vai custar a universalização do acesso.
De acordo com o coordenador,
poderá haver certa economia por
causa da padronização.
Hoje as modalidades de planos
ofertadas aos servidores são muito diferentes, dependendo do órgão para que trabalha, diz Domingues. O número de variações
chega a 136.
Outro ponto é que cada órgão
federal subsidia um percentual
diferente do plano, apesar da referência ser de R$ 35, afirma.
Segundo Domingues, a idéia é
iniciar a implantação do sistema
de saúde suplementar para o trabalhador federal em agosto deste
ano. O assunto está na mesa de
negociação permanente que o governo federal mantém com os servidores.
A complementação da assistência de saúde dos trabalhadores federais por assistência privada está
prevista na Lei 8.112, que dispõe
sobre o regime jurídico dessa categoria. "Mas o SUS não tem condições de atuar complementarmente", diz Domingues.
Ele classificou as restrições feitas pela Comissão de Saúde Suplementar do Conselho Nacional
de Saúde como resultado de uma
"disputa por recursos públicos".
Segundo Domingues, o atendimento dos trabalhadores pelo
SUS feriria o princípio da isonomia do regime dos servidores,
uma vez que o sistema não tem
uma cobertura e qualidade iguais
em todas as regiões do país.
"O ideal seria que o SUS funcionasse e não precisássemos de um
sistema suplementar", continuou
o coordenador.
O Ministério do Planejamento
prepara uma proposta para incluir a universalização do acesso à
saúde suplementar em um projeto de saúde para o trabalhador, isso justamente para evitar a caracterização de privilégio.
As leis trabalhistas prevêem que
o empregador garanta a saúde de
seus empregados.
Reação
"Talvez seja uma forma que eles
arranjaram de compensar as perdas durante a reforma da Previdência", reage Mário Scheffer,
que preside a Comissão de Saúde
Suplementar do conselho.
"Acho que nunca tivemos tantos recursos públicos do SUS, dinheiro público, para este mercado", continuou.
Para Lígia Bahia, pesquisadora
do setor de saúde suplementar,
uma das saídas seria a criação de
um sistema de atendimento especial para os trabalhadores, dentro
do próprio SUS, em que contribuições fossem aplicadas em um
fundo que beneficiasse a saúde
pública.
"Seria uma dupla porta transparente", disse a pesquisadora em
referência à entrada diferenciada
para beneficiários de planos em
unidades de saúde pública.
(FL)
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