São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2008

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Prédios não têm estrutura para terremotos

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os prédios de São Paulo e a grande maioria dos edifícios do Brasil não possuem estruturas projetadas especialmente para resistir a terremotos.
Segundo José Roberto Braguim, presidente da Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), isso acontece porque a norma 15.421 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) classifica como "zero" o risco de sismo em diversas grandes cidades do país.
Isso significa que acontecem com freqüência e intensidade insuficientes para que existam requisitos especiais de segurança nas construções.
"São Paulo e Porto Alegre têm "sismo zero", por exemplo. Uma das exceções é Fortaleza, que tem características geológicas próprias que implicam uma probabilidade suficientemente alta de terremotos para que se tomem cuidados."
Países como Japão ou Colômbia têm índices variados dependendo da região, cada uma com seus requisitos próprios para a construção.
Para Braguim, os recentes terremotos no Brasil não são motivo para modificar a atual normativa. "O fato de um terremoto de 5,2 pontos na escala Richter não ter causado nenhum dano maior comprova que a norma está correta e que não precisa ser revista."
A opinião é semelhante à do engenheiro civil José Jairo de Sales, que é professor da Faculdade de Engenharia da USP de São Carlos. Segundo ele, em terremotos de até cerca de cinco pontos os prédios têm uma resistência natural, mesmo tendo sido construídos sem que se pensasse em tremores.
"O epicentro foi relativamente próximo de Santos [a 85 km de SP], cidade com solo argiloso, onde não houve impacto grave. Daí, podemos supor que os prédios de São Paulo não sofreriam grandes danos caso o epicentro do terremoto fosse aqui na capital", afirma.
Marcelo Assumpção, pesquisador do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP, afirma que só poderia haver riscos para prédios deteriorados, com problemas estruturais, mal projetados ou ameaçados por algum outro motivo.
Ele diz, porém, que prédios em solos argilosos, de algumas cidades próximas ao mar, são mais suscetíveis aos efeitos dos terremotos. Segundo ele, esses terrenos amplificam as vibrações, fazendo com que as ondas se propaguem de forma mais lenta e com maior intensidade, diferentemente do que ocorre nas rochas.


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