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Prédios não têm estrutura para terremotos
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os prédios de São Paulo e a
grande maioria dos edifícios do
Brasil não possuem estruturas
projetadas especialmente para
resistir a terremotos.
Segundo José Roberto Braguim, presidente da Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), isso acontece porque a
norma 15.421 da ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) classifica como "zero" o risco de sismo em diversas
grandes cidades do país.
Isso significa que acontecem
com freqüência e intensidade
insuficientes para que existam
requisitos especiais de segurança nas construções.
"São Paulo e Porto Alegre
têm "sismo zero", por exemplo.
Uma das exceções é Fortaleza,
que tem características geológicas próprias que implicam
uma probabilidade suficientemente alta de terremotos para
que se tomem cuidados."
Países como Japão ou Colômbia têm índices variados
dependendo da região, cada
uma com seus requisitos próprios para a construção.
Para Braguim, os recentes
terremotos no Brasil não são
motivo para modificar a atual
normativa. "O fato de um terremoto de 5,2 pontos na escala
Richter não ter causado nenhum dano maior comprova
que a norma está correta e que
não precisa ser revista."
A opinião é semelhante à do
engenheiro civil José Jairo de
Sales, que é professor da Faculdade de Engenharia da USP de
São Carlos. Segundo ele, em
terremotos de até cerca de cinco pontos os prédios têm uma
resistência natural, mesmo
tendo sido construídos sem
que se pensasse em tremores.
"O epicentro foi relativamente próximo de Santos [a 85
km de SP], cidade com solo argiloso, onde não houve impacto
grave. Daí, podemos supor que
os prédios de São Paulo não sofreriam grandes danos caso o
epicentro do terremoto fosse
aqui na capital", afirma.
Marcelo Assumpção, pesquisador do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas) da USP, afirma
que só poderia haver riscos para prédios deteriorados, com
problemas estruturais, mal
projetados ou ameaçados por
algum outro motivo.
Ele diz, porém, que prédios
em solos argilosos, de algumas
cidades próximas ao mar, são
mais suscetíveis aos efeitos dos
terremotos. Segundo ele, esses
terrenos amplificam as vibrações, fazendo com que as ondas
se propaguem de forma mais
lenta e com maior intensidade,
diferentemente do que ocorre
nas rochas.
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