São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Avô e tia de Isabella são hostilizados ao depor

Ao chegarem ao DP, Antonio e Cristiane Nardoni foram insultados, com gritos de "assassinos", por cerca de 50 pessoas

Foram dados 4 depoimentos à polícia ontem, incluindo os de 2 moradores, que devem ser os últimos da apuração sobre a morte da menina

LUIS KAWAGUTI
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de São Paulo ouviu ontem os depoimentos do advogado Antonio Nardoni e de Cristiane Nardoni, 20, pai e irmã do estagiário de direito Alexandre Alves Nardoni, pai da menina Isabella.
Policiais do 9º DP (Carandiru), que pediram anonimato, afirmaram que eles negaram ter limpado o apartamento após a morte da menina (a polícia só conseguiu identificar manchas de sangue por meio de equipamento especial porque elas haviam sido lavadas do local) e não trouxeram surpresas em seus depoimentos.
Cristiane, segundo os policiais, confirmou ter recebido um telefonema de seu pai quando estava em um bar logo após a morte de Isabella, mas negou ter dito uma frase que incriminasse seu irmão.
Antonio e Cristiane chegaram ao 9º DP às 16h30, no carro dele, com um segurança particular. Começaram a depor por volta das 17h.
Do lado de fora da delegacia, cerca de 50 pessoas insultavam e gritavam "assassinos" para os parentes da menina. Duas outras testemunhas, vizinhas do casal, já haviam sido ouvidas.
Policiais e jornalistas acabaram se envolvendo em um tumulto na porta dos fundos da delegacia, que foi isolada.
Cristiane foi a primeira a ser ouvida. Os advogados Rogério Neres de Souza e Ricardo Martins, que defendem o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acompanharam os depoimentos.
Antonio Nardoni começou a prestar depoimento às 19h30. Os dois deixaram a delegacia por volta das 21h15. Na saída, o aposentado João Mendes da Silva, 65, tentou atirar uma pedra em direção às testemunhas e quase atingiu o carro dos advogados. Ele foi detido para averiguação e solto em seguida. Outros curiosos deram tapas no carro de Antonio.
Além desses quatro depoimentos de ontem, outros dois ocorreram na noite de terça, no 20º DP (Água Fria).
Uma dessas testemunhas, uma mulher que mora no edifício London, declarou que viu Antonio entrar no apartamento do filho, no domingo, e permanecer no local por pelo menos uma hora, antes da chegada dos peritos, segundo um policial. A polícia não confirmou esses depoimentos.
A polícia ainda não sabe o que o avô de Isabella fez no apartamento nesse período. Em seu depoimento, ele negou ter estado no apartamento por uma hora.
A polícia já constatou, com o uso do reagente químico luminol, que alguém tentou limpar as manchas que estavam na sala de televisão. Porém, ainda não é possível saber quando a limpeza ocorreu e se ela foi feita para atrapalhar o trabalho dos investigadores.
O apartamento de onde Isabella foi jogada demorou três dias para ser interditado pela polícia. A reconstituição do crime ocorrerá às 10h de domingo.
Policiais afirmaram também que um pedido de prisão preventiva para Alexandre Nardoni e Anna Jatobá deve ser feito à Justiça quando o inquérito for finalizado, possivelmente no início da próxima semana.


Texto Anterior: Curso tenta deixar "zen" funcionários e detentas de penitenciária feminina
Próximo Texto: Analistas apontam os erros e os acertos da polícia na apuração do caso Isabella
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.