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Analistas apontam os erros e os acertos da polícia na apuração do caso Isabella
DA REPORTAGEM LOCAL
A investigação sobre a morte
de Isabella Nardoni, 5, revela
dois lados opostos de uma mesma polícia: uma eficiente, que
pode fazer frente às melhores
do mundo, e ao mesmo tempo
uma organização capaz de cometer erros primários.
Essa é a avaliação de analistas a partir de oito fatos relatados a eles pela Folha, ocorridos
na apuração do assassinato.
Uma falha unânime apontado por eles foi a não-preservação do local do crime. O apartamento foi lacrado apenas três
dias após o assassinato e muitas pessoas, além dos peritos,
visitaram o local nesse ínterim.
"Isso é um equívoco. Erro
grave, que não pode ocorrer",
resume o advogado Celso Sanchez Vilardi, 40, professor da
PUC-SP, que inclui nessa observação o fato de a polícia ter
demorado a falar com vizinhos
dos fundos do edifício London.
Apenas em 10 de abril a polícia ouviu um pedreiro que disse à Folha ter notado um portão arrombado no sobrado que
fica nos fundos do London.
"Mesmo assim [sem preservação do local], a perícia encontrou muitos vestígios", afirmou o também professor de direito da PUC João Ibaixe Jr.,
42, e que foi delegado da Polícia
Civil entre 1992 e 2001.
Para Ibaixe, apesar da eficiência, a polícia demonstrou
uma grande falha de comunicação. "Houve um pouco de precipitação, sensacionalismo,
que acabou sendo controlado
nos últimos eventos. É necessário a cautela daquilo que é
exposto para população, para
que essas pessoas não sejam
julgadas precipitadamente."
Com a experiência de ter
presidido mais de 300 júris em
São Paulo, o ex-juiz Luiz Flávio
Gomes também vê problemas
na comunicação da polícia.
"Eles comunicam uma coisa
e depois voltam atrás. Primeiro, a menina foi jogada do apartamento já morta; depois, não.
Ela não estava morta quando
foi jogada. A polícia comunica
uma coisa e, depois, se vê que
não é bem aquilo. Isso vai tirando a credibilidade", disse
ele, doutor em Direito Penal
pela Universidade Complutense de Madri e mestre em Direito Penal pela USP.
Para o ex-juiz, apesar dos
tropeços da polícia na investigação, também existem pontos
positivos: um dos principais foi
a agilidade com a qual foram
feitos os laudos do IC (Instituto de Criminalística) e do IML
(Instituto Médico Legal).
De acordo com Gomes, o fato
de a polícia não ter preservado
o local do crime será uma das
principais alegações dos defensores do casal.
Para o ex-secretário da Administração Penitenciária Nagashi Furukawa, que também
foi delegado e promotor de
Justiça, a polícia mostra uma
dedicação exemplar nesse episódio. Mas lembra. "Toda linha
de defesa é que uma terceira
pessoa esteve no local do crime. A perícia não encontrou
nenhum vestígio de uma terceira pessoa no local do crime.
Agora, vamos supor que uma
pessoa maldosamente, dolosamente, tivesse jogado uma
ponta de cigarro porque o apartamento não estava lacrado.
Poderia gerar uma dúvida invencível na hora do julgamento. Essas eventuais falhas não
trouxeram conseqüências, mas
poderiam ter trazido."
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