São Paulo, sexta-feira, 24 de abril de 2009

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Advogado achado morto com filho deixou carta, diz polícia

Para investigadores, texto sem assinatura é um indício de crime premeditado

Corpos de advogado, que também era professor da USP, e de seu filho foram achados no quarto anteontem pela faxineira

DO "AGORA"

Uma carta escrita no computador e sem assinatura, com relatos de empecilhos para conviver com o filho, é o principal indício da polícia para sustentar a hipótese de que o advogado Renato Ventura Ribeiro, 39, tenha planejado matar o filho, Luis Renato Menina Ventura Ribeiro, 5, e depois se suicidar.
Os corpos de pai e filho foram encontrados anteontem sobre uma cama no apartamento de Ribeiro, na zona sul de São Paulo. O menino tinha um tiro na nuca. Ribeiro, que era professor da USP, estava baleado na cabeça. O advogado segurava uma pistola Glock.
Supostamente escrita por Ribeiro, a carta foi achada em uma pasta no quarto onde estavam os corpos. Ela diz que "a decisão foi fruto de cuidadosa reflexão e ponderação".
O texto relata ainda que o garoto "não era e nem seria feliz" vivendo longe do pai por vontade da mãe, que teria também proibido o garoto de viajar com Ribeiro para a Disney.
"Não coloquei meu filho no mundo para ficar longe dele e para que ele sofresse. Se errei, é hora de corrigir o erro, abreviando-lhe o sofrimento. Infelizmente, de todas as alternativas, foi a que me restou. É a menos pior", diz a carta.
Além do texto, a polícia descobriu que Ribeiro comprou a pistola Glock 380 mm em fevereiro, depois da decisão da Justiça de manter o filho com a mãe, a advogada Fabiane Húngaro Menina, 37.
No mesmo mês, ele fez um curso para aprender a atirar e registrou a arma no Exército. A polícia achou no quarto, ainda, um recorte de jornal com uma reportagem sobre suicídio.
Ribeiro e Fabiane, que haviam namorado por seis meses e se separaram quando o filho nasceu, travavam uma disputa judicial pela guarda da criança.
Na última sexta-feira, o garoto havia sido deixado pela mãe no prédio do pai, com quem passaria o final de semana.
Ribeiro deveria devolver a criança no domingo, a tempo de participar da festa de aniversário da mãe. Na segunda-feira, sem notícias do filho, Fabiane procurou a polícia. Anteontem, a faxineira do advogado encontrou os corpos de pai e filho no quarto do apartamento.
Ainda não há certeza de quando ocorreu o crime. Inicialmente, a polícia disse acreditar que as mortes ocorreram na própria sexta-feira.
Ontem, estava sendo investigada a possibilidade de pai e filho terem saído do prédio no sábado à noite.
Cerca de cem pessoas, entre familiares e amigos da mãe do menino, compareceram ao enterro do garoto ontem, no Cemitério Parque dos Girassóis, na zona sul. O enterro ocorreu pouco antes das 14h.


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