São Paulo, sexta-feira, 24 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Destino de menino divide cariocas

Datafolha ouviu moradores do Rio sobre o caso do garoto cuja guarda é disputada por americano e brasileiro

48% dizem que criança de 8 anos deve ficar com o padrasto no Brasil e 41%, que ele deveria ir morar com o pai nos Estados Unidos

DA SUCURSAL DO RIO

O desfecho mais justo para o caso do menino brasileiro de oito anos que tem sua guarda disputada pelo pai americano e o padrasto brasileiro divide a opinião dos cariocas. A maior parte, 48%, considera que ele deveria permanecer no Brasil, mas 41% afirmaram ao Datafolha que ele deveria ficar com o pai, nos Estados Unidos.
A margem de erro do levantamento é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos. Foram entrevistadas 644 pessoas em 8 e 9 de abril.
A maior divisão acontece entre homens e mulheres. No caso de cariocas do sexo masculino, o julgamento da opinião pública é majoritariamente favorável ao pai americano, com 52% defendendo seu direito de ficar com o menino, ante 32% que consideram que ele deveria permanecer com o padrasto e os avós maternos no Brasil.
A situação se inverte quando se analisa a opinião feminina. Para 56% delas, a decisão da Justiça deveria ser favorável à família brasileira, enquanto 37% se mostraram mais inclinadas em favor do pai, que vive nos Estados Unidos.
Opinaram apenas aqueles que disseram ter tomado conhecimento sobre o assunto -64% dos entrevistados. O nível de informação sobre o caso é maior entre mulheres: 67% estavam inteiradas sobre o caso. Entre os homens, 61% ficaram sabendo da disputa.
O nível de informação também é maior entre os que têm nível superior (79%) e entre os de renda familiar maior que dez salários mínimos (87%).

Repercussão
A repercussão em torno do caso fez com que ele fosse tratado em conversas entre a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e o chanceler brasileiro Celso Amorim.
O pai do garoto, o americano David Goldman, intensificou a disputa judicial para retomar a guarda do filho quando a mãe do menino, Bruna Bianchi, morreu no parto da filha dela, em agosto do ano passado.
Segundo Goldman, Bruna fez uma viagem de férias em 2004 para o Brasil e decidiu não mais voltar com o filho, nascido nos Estados Unidos, o que desrespeitaria, na interpretação de Goldman, a Convenção de Haia, acordo internacional relativo à proteção de crianças.
Os advogados do padrasto, o também advogado João Paulo Lins e Silva, alegam que não houve sequestro do menino porque ele é cidadão brasileiro e viajou em companhia de sua mãe para seu próprio país.
Eles afirmam também que o garoto está adaptado à família brasileira e que o melhor seria sua permanência no país.
A Justiça americana se posicionou favoravelmente ao pai da criança, em sentença dada em 2004. A Justiça brasileira ainda não tomou uma decisão final. O processo corre em segredo de justiça.
Anteontem, o ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) defendeu a permanência no Brasil do menino no Brasil. "Minha opinião é que a criança fique no Brasil com amplo direito de visitação do pai biológico", afirmou Vannuchi.


Texto Anterior: Clima: Em SC, 3.500 pessoas estão desabrigadas após temporais
Próximo Texto: Santa Catarina: Morre o 8º argentino vítima de acidente de ônibus
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.