São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2000


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Acampados querem cercar prédio

DA REPORTAGEM LOCAL

Os professores acampados desde o último dia 12 na praça da República querem cercar o prédio da Secretaria da Educação para inviabilizar as atividades no local.
Os preparativos começaram no início da semana, apesar de a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) ainda não ter dado aval à proposta.
Os cerca de 100 acampados, que representam a ala mais radical da categoria, compraram ontem 20 barracas, que se somarão às 26 já existentes na praça.
"Queremos constranger quem tentar entrar na secretaria, montando barracas em todos os acessos", disse o professor Carlos Alberto Ferreira, 42, conselheiro estadual da Apeoesp.
Segundo a presidente da entidade, Maria Izabel Azevedo Noronha, a idéia precisará ser colocada em votação. "Não temos posição oficial sobre isso. Tudo precisa ser discutido em assembléia."
Após o confronto entre manifestantes e policiais militares na última quinta-feira, na avenida Paulista, o número de barracas saltou de 6 para 26.
De acordo com Ferreira, que também integra a comissão de imprensa do acampamento, existem professores de 28 regiões do Estado no local. A Apeoesp possui subsedes em 92 cidades.
Os acampados instalaram dois banheiros no último sábado. "Antes, estávamos usando o do sindicato e de comerciantes. Trouxemos os banheiros para mostrar que estamos dispostos a ficar um tempão", disse Ferreira.
Durante o dia, os professores realizam aulas públicas sobre a greve, distribuem panfletos para os pedestres e fazem discursos contra o governador Mário Covas e a secretária da Educação, Rose Neubauer. Punks também participam das atividades, mas se recusam a falar com a imprensa.
Os acampados se dizem preocupados em manter o espaço ocupado durante o ato marcado para amanhã, às 14h, no Palácio dos Bandeirantes. "Não podemos abrir a guarda para a tropa de choque", afirmou Ferreira.

Mercenários
Os professores acampados dizem que não deixarão a praça da República se o governo atender apenas às reivindicações salariais.
"Não estamos com posição mercenária. Nosso negócio não são só os números. Além dos salários, estamos em defesa da escola pública e do emprego", afirmou.
A idéia não encontra respaldo na direção da Apeoesp, que aceita negociar uma contraproposta do governo.
Os professores acampados dizem não acreditar em acordo com o Estado. Eles querem permanecer parados até que a rede não consiga mais atingir o mínimo de 200 dias letivos estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases. "Vamos tentar inviabilizar o ano letivo", afirmou Ferreira.


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