|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Acampados querem cercar prédio
DA REPORTAGEM LOCAL
Os professores acampados desde o último dia 12 na praça da República querem cercar o prédio
da Secretaria da Educação para
inviabilizar as atividades no local.
Os preparativos começaram no
início da semana, apesar de a
Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de
São Paulo) ainda não ter dado
aval à proposta.
Os cerca de 100 acampados, que
representam a ala mais radical da
categoria, compraram ontem 20
barracas, que se somarão às 26 já
existentes na praça.
"Queremos constranger quem
tentar entrar na secretaria, montando barracas em todos os acessos", disse o professor Carlos Alberto Ferreira, 42, conselheiro estadual da Apeoesp.
Segundo a presidente da entidade, Maria Izabel Azevedo Noronha, a idéia precisará ser colocada
em votação. "Não temos posição
oficial sobre isso. Tudo precisa ser
discutido em assembléia."
Após o confronto entre manifestantes e policiais militares na
última quinta-feira, na avenida
Paulista, o número de barracas
saltou de 6 para 26.
De acordo com Ferreira, que
também integra a comissão de
imprensa do acampamento, existem professores de 28 regiões do
Estado no local. A Apeoesp possui
subsedes em 92 cidades.
Os acampados instalaram dois
banheiros no último sábado.
"Antes, estávamos usando o do
sindicato e de comerciantes.
Trouxemos os banheiros para
mostrar que estamos dispostos a
ficar um tempão", disse Ferreira.
Durante o dia, os professores
realizam aulas públicas sobre a
greve, distribuem panfletos para
os pedestres e fazem discursos
contra o governador Mário Covas
e a secretária da Educação, Rose
Neubauer. Punks também participam das atividades, mas se recusam a falar com a imprensa.
Os acampados se dizem preocupados em manter o espaço ocupado durante o ato marcado para
amanhã, às 14h, no Palácio dos
Bandeirantes. "Não podemos
abrir a guarda para a tropa de
choque", afirmou Ferreira.
Mercenários
Os professores acampados dizem que não deixarão a praça da
República se o governo atender
apenas às reivindicações salariais.
"Não estamos com posição
mercenária. Nosso negócio não
são só os números. Além dos salários, estamos em defesa da escola
pública e do emprego", afirmou.
A idéia não encontra respaldo
na direção da Apeoesp, que aceita
negociar uma contraproposta do
governo.
Os professores acampados dizem não acreditar em acordo com
o Estado. Eles querem permanecer parados até que a rede não
consiga mais atingir o mínimo de
200 dias letivos estabelecido pela
Lei de Diretrizes e Bases. "Vamos
tentar inviabilizar o ano letivo",
afirmou Ferreira.
Texto Anterior: Greve do funcionalismo: Aliados pressionam Covas por acordo Próximo Texto: Secretária vê perda de controle Índice
|