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INFÂNCIA
Tramitação de processos de menores presos está mais lenta, diz a juíza-corregedora da Febem, Mônica Paukoski
Governo reduz defesa de menor infrator
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado, por meio
da Procuradoria Geral de Justiça,
reduziu de 13 para sete a quantidade de procuradores (advogados de defesa) que atuam junto
aos internos da Febem.
A última baixa na equipe ocorreu no dia 30 de abril, com a edição da portaria (GPAJ-7), que determinou a transferência de cinco
defensores da capital paulista para outras áreas da procuradoria.
Dos transferidos, apenas dois permaneceram na área da infância. O
cadeião de Franco da Rocha, antes atendido pela capital, recebeu
novo procurador.
A juíza-corregedora da Febem
(Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), Mônica Paukoski,
diz que a escassez de procuradores está atrasando a tramitação
dos processos de internos da capital, em média, em dez dias.
Com isso, algumas unidades,
caso da Raposo Tavares, começam superlotar.
De acordo com Paukoski, os
maiores prejudicados são os 3.000
adolescentes presos. Com a redução da equipe, eles passaram a ser
atendidos por apenas dois advogados. Antes do enxugamento,
eram quatro.
O problema é que esses mesmos
profissionais, segundo determinação da portaria, estão responsáveis pelo atendimento aos familiares dos infratores.
Maria da Conceição Andrade
Paganele Santos, 46, presidente da
Amar (associação de mães da Febem), diz que muitos familiares já
estão sem atendimento.
Pelos cálculos de Paukoski, dos
3.000 processos de adolescentes
presos, 50% irão para as mãos dos
advogados que firmaram convênio com o governo para substituir
os procuradores.
O problema dessa substituição é
que os advogados conveniados
(chamados de dativos) são convocados a comparecer ao Fórum
por meio do Diário Oficial, o que
leva pelo menos dez dias. Já os
procuradores, diz ele, trabalhavam lá em tempo integral.
O secretário-geral do sindicato
dos procuradores, Antônio Maffezoli, diz que a contratação dos
advogados conveniados é prova
de que o serviço prestado pelos
procuradores era necessário.
Há ainda o fato de muitos advogados conveniados não terem intimidade com o ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente). É por
isso que o governo tentou colocar
no lugar dos procuradores a equipe jurídica de quatro Cedecas
(Centro de Defesa da Criança e do
Adolescente), que já atendem
adolescentes das comunidades
em que estão localizados. "Não
aceitamos porque nosso serviço
perderia qualidade", resume Raquel Bernand, do Cedeca da Sé.
Outro lado
A subprocuradora Mariângela
Sarrubo afirma que infância é
"prioridade absoluta". Prova disso, diz ela, é a transferência de
dois procuradores que atuavam
na Febem para a Vara da Infância
de Santo Amaro.
Segundo ela, relatórios de produtividade mostram que a equipe
que atuava com infratores era
maior do que a demanda. Por isso, ela nega que a redução da
equipe atrase os processos.
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