São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2004

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SAÚDE

Juquery enfrenta falta de estrutura e de funcionários

DO "AGORA"

Um gigante centenário em meio a uma reserva ecológica estadual em Franco da Rocha (Grande São Paulo) abriga 1.060 pessoas com problemas psiquiátricos recebendo tratamento de saúde inadequado. Essa é a imagem registrada durante uma visita ao Complexo Hospitalar do Juquery, manicômio criado no final do século 19 para abrigar pessoas com transtornos psiquiátricos.
Trata-se de um dos principais alvos dos grupos de luta antimanicomial devido às condições a que os internos são submetidos.
No hospital, durante a visita da reportagem, cães passeavam entre os doentes, aparelhos de raio-X estavam quebrados, pacientes ficavam nos corredores e até um quarto, antes um berçário, recebe um doente de diabetes.
A estrutura dos prédios apresenta rachaduras, e o teto não possui forro, apenas telhado, e há mofo e infiltrações. O chão é de piso frio, e há muitas camas enferrujadas. Cadeiras de rodas são amarradas com ataduras.
Na maioria das seis colônias com pessoas muito debilitadas, existe apenas uma dupla de auxiliares de enfermagem, responsável por todos os cuidados com os internados (higiene, banho, troca de lençóis, alimentação e medicação dos pacientes).
A reportagem flagrou um paciente engatinhando, sujo e apenas com a parte de cima da roupa, sem que ninguém o atendesse. Um cão sujo e cheirando mal é o companheiro de uma outra interna em sua própria cama.
Latões de comida estão semi-tampados e são colocados próximo ao corredor por onde passam roupas sujas.
Maria Tereza Gianerini Freire, diretora do local desde 1995, reconheceu algumas das deficiências, mas afirmou que a situação já melhorou muito. Ela reconheceu a presença de mofo e disse que alguns telhados já foram trocados.
Freire afirmou que realmente há equipamentos velhos, enferrujados e quebrados. Sobre os cães passeando pelo complexo, a diretora diz que planeja a construção de um canil, mas afirma desconhecer o fato de uma interna ter dormido ao lado de um cão. Ela disse que é possível que haja pacientes sem roupa durante o dia. "Eles tiram a roupa, a gente põe de volta, eles tiram de novo."
Freire também negou que os latões de comida sejam transportados destampados nas camionetes.


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