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Polícia investiga sumiço de adolescentes
Segundo a Polícia Civil de Gravataí, quadrilha alicia meninas de 10 a 14 anos no Sul com promessa de carreira de modelo
Um casal foi preso em Minas Gerais com uma menina de 13 anos, que relatou ter ficado em um casebre com mãos e pés amarrados
JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO
A Polícia Civil e o Ministério
Público de Gravataí (RS) investigam a existência de uma quadrilha que teria aliciado cerca
de 30 meninas, com idades entre 10 anos e 14 anos, no Sul,
convencendo os pais de que
suas filhas vão ganhar dinheiro
como modelos. Segundo a polícia, o grupo entrega à família
R$ 400 e diz que a filha vai
mandar mais R$ 400 por mês.
A rota, segundo a polícia, inclui as cidades de Ribeirão Preto (interior de SP), Osasco
(Grande SP), Delta (MG) e municípios do Nordeste.
A suspeita da polícia, do Ministério Público e também da
Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que também
entrou no caso, é que as meninas foram encaminhadas para
prostituição, adoção no exterior e até tráfico de órgãos.
O esquema foi descoberto,
segundo a polícia de Gravataí,
durante a investigação do desaparecimento de uma garota de
13 anos, ocorrido em fevereiro.
Ela foi encontrada na cidade
mineira de Delta, para onde tinha sido levada pelo casal Adão
Ribeiro Ruodd, 34, e Sandra
Campos, 28, que tentava obter
documentos falsos para a adolescente.
Os dois foram presos e levados a Gravataí. Em troca de
proteção, o casal resolveu delatar o grupo.
Segundo a polícia, o casal
confessou ter aliciado mais de
30 crianças no Rio Grande do
Sul nos últimos dois anos.
Em depoimento à polícia, a
adolescente resgatada afirmou
que ficou detida em um casebre
com pés e mãos amarrados e
que no mesmo local estavam
outras duas garotas -de 14 e 15
anos- que foram enviadas para
a região Nordeste, onde seriam
"leiloadas" em uma boate.
O delegado titular da 2º DP
de Gravataí, Paulo Costa Prado,
afirmou que a quadrilha se
aproveita da pobreza das famílias para iludi-las com a história
de a filha se tornar modelo e,
quando elas não concordam em
entregar as meninas, muitas
são raptadas.
Prado afirmou que as meninas (chamadas de pacotes)
saem da região Sul levadas por
caminhoneiros e sempre
acompanhadas por "mulas"
(responsáveis pelo transporte).
Um dos casos investigados é
o da menina Graziela, de 11
anos, desaparecida há um ano.
A mãe, Maria Alves de Souza,
disse que ela saiu para ir à escola e não voltou. Para a polícia,
ela foi entregue à quadrilha pelo padrasto, Ricardo Deicherdt,
preso há um mês como suspeito de ser o elo com a quadrilha.
Deicherdt nega.
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