São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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Polícia investiga sumiço de adolescentes

Segundo a Polícia Civil de Gravataí, quadrilha alicia meninas de 10 a 14 anos no Sul com promessa de carreira de modelo

Um casal foi preso em Minas Gerais com uma menina de 13 anos, que relatou ter ficado em um casebre com mãos e pés amarrados


JUCIMARA DE PAUDA
DA FOLHA RIBEIRÃO

A Polícia Civil e o Ministério Público de Gravataí (RS) investigam a existência de uma quadrilha que teria aliciado cerca de 30 meninas, com idades entre 10 anos e 14 anos, no Sul, convencendo os pais de que suas filhas vão ganhar dinheiro como modelos. Segundo a polícia, o grupo entrega à família R$ 400 e diz que a filha vai mandar mais R$ 400 por mês.
A rota, segundo a polícia, inclui as cidades de Ribeirão Preto (interior de SP), Osasco (Grande SP), Delta (MG) e municípios do Nordeste.
A suspeita da polícia, do Ministério Público e também da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que também entrou no caso, é que as meninas foram encaminhadas para prostituição, adoção no exterior e até tráfico de órgãos.
O esquema foi descoberto, segundo a polícia de Gravataí, durante a investigação do desaparecimento de uma garota de 13 anos, ocorrido em fevereiro.
Ela foi encontrada na cidade mineira de Delta, para onde tinha sido levada pelo casal Adão Ribeiro Ruodd, 34, e Sandra Campos, 28, que tentava obter documentos falsos para a adolescente.
Os dois foram presos e levados a Gravataí. Em troca de proteção, o casal resolveu delatar o grupo.
Segundo a polícia, o casal confessou ter aliciado mais de 30 crianças no Rio Grande do Sul nos últimos dois anos.
Em depoimento à polícia, a adolescente resgatada afirmou que ficou detida em um casebre com pés e mãos amarrados e que no mesmo local estavam outras duas garotas -de 14 e 15 anos- que foram enviadas para a região Nordeste, onde seriam "leiloadas" em uma boate.
O delegado titular da 2º DP de Gravataí, Paulo Costa Prado, afirmou que a quadrilha se aproveita da pobreza das famílias para iludi-las com a história de a filha se tornar modelo e, quando elas não concordam em entregar as meninas, muitas são raptadas.
Prado afirmou que as meninas (chamadas de pacotes) saem da região Sul levadas por caminhoneiros e sempre acompanhadas por "mulas" (responsáveis pelo transporte).
Um dos casos investigados é o da menina Graziela, de 11 anos, desaparecida há um ano. A mãe, Maria Alves de Souza, disse que ela saiu para ir à escola e não voltou. Para a polícia, ela foi entregue à quadrilha pelo padrasto, Ricardo Deicherdt, preso há um mês como suspeito de ser o elo com a quadrilha. Deicherdt nega.


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