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"Mal que faz a cerveja é o mesmo que qualquer outra bebida", diz psiquiatra
PAULO DE ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL
Psiquiatras ouvidos pela Folha concordam com o decreto
presidencial que inclui cervejas, "ices" e "coolers" na categoria de bebidas alcoólicas.
Para Marco Antonio Bessa,
especialista em dependência
química da Associação Brasileira de Psiquiatria, já era hora do
governo tomar medidas sobre o
assunto. "O mal que faz a cerveja é o mesmo mal que qualquer
outra bebida faz", afirma.
O mesmo vale para as demais
bebidas de teor alcoólico inferior. Só que, para alcançar o
mesmo grau de alcoolização, é
preciso ingerir uma maior
quantidade do líquido. Bessa
explica que duas latas (350 ml)
de cerveja equivalem a uma dose (50 ml) de uísque ou vodca.
Para a professora do departamento de psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo) Ilana Pinsky, é "absurdo" a medida não ter sido
decretada antes. Pinsky diz
que, geralmente, a cerveja está
presente nos momentos que
antecedem os acidentes de
trânsito, e que a dependência
do álcool pode começar com
bebidas mais leves.
Segundo Bessa, jovens de padrão social mais alto tendem ao
consumo de cerveja. Nas periferias, a opção é a bebida mais
barata, como a cachaça.
Sérgio de Paula Ramos, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas, ainda vê a restrição
como uma medida tímida. E insiste que os limites impostos à
publicidade devem fazer parte
de uma política de saúde pública rigorosa quanto ao álcool.
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