CRISTINA LUCKNER
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário do que pensam muitos paulistanos, dar carona pode ajudar sim a diminuir congestionamentos.
Em algumas cidades dos EUA existem faixas em autoestradas destinadas apenas para carros com mais de um ocupante, chamadas HOV (high-occupancy vehicle lane). Na Grande Los Angeles são mais de 780 mil km de faixas exclusivas construídas a um custo médio de US$ 3 milhões para cada 1,6 km. A estratégia não é subtrair uma das pistas existentes, mas criar uma extra, com sinalização especial.
A medida foi implantada nos anos 1970 como parte de um plano de melhorias da qualidade do ar. "Temos uma taxa de desobediência pequena, entre 1% e 3%. Isso porque a multa é muito alta", explica Dawn Helou, chefe de operações da HOV do departamento de transportes da Califórnia. A multa começa em US$ 381.
Se o motorista reincidir, desembolsa US$ 700 e, se insistir, o valor passa dos US$ 1.000. O preço da gasolina e o orçamento apertado devido à crise econômica, só fazem aumentar o uso das HOVs, diz Helou.
Todos os dias, passam por essas faixas específicas de Los Angeles cerca de 780 mil pessoas. "No começo havia muita discussão, as pessoas não achavam justo, mas, com o tempo, viram o resultado e passaram a usar a HOV por dois motivos: para economizar tempo e dinheiro", conta Helou.
Em São Paulo, a CET chegou a criar a chamada "faixa solidária" reversível na Radial Leste, exclusiva para carros que trafegassem com dois ou mais ocupantes, no final do anos 90. Mas a ideia não prosperou e foi abandonada em pouco tempo pela CET -a faixa reversível foi mantida, mas a restrição à quantidade de passageiros não.
Apesar do fracasso da faixa solidária na Radial, a prefeitura tem planos de voltar a implantar esse tipo de medida no futuro, já que a ideia está no projeto de lei que cria a Política Municipal de Mudança Climática, enviado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) à Câmara.