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OPINIÃO
Medida é necessária, mas espaço deve focar pedestre
ADALBERTO FELÍCIO
MALUF FILHO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Reduzir vagas de estacionamento gratuito pelas ruas
é uma medida extremamente
impopular, porém necessária para organizar melhor o
espaço público urbano.
Essa mesma política vem
sendo implementada, com
sucesso, pelas maiores cidades do mundo, como Paris,
Nova York e Londres.
Nesses lugares, existe uma
política integrada de restrição aos veículos privados,
com o objetivo de promover o
transporte público. Aumentam os espaços urbanos de
qualidade, melhora a mobilidade de todos.
Promover a fluidez dos veículos privados não é mais o
objetivo central das políticas
nas cidades desenvolvidas.
A retirada de estacionamentos gratuitos das ruas fora feita na Broadway e na Times Square, em Nova York, e em outros tantos destinos.
A ideia é dar mais espaço
aos corredores exclusivos de
ônibus, a novas ciclovias e,
principalmente, para alargar
calçadas e criar espaços públicos de qualidade.
Buscar uso cada vez mais
democrático e eficiente do
espaço viário será primordial
para a competitividade das
cidades em atrair e manter
empregos de alta qualidade.
As cidades devem considerar uma gestão mais equitativa do espaço urbano, que
deve passar, prioritariamente, pela criação de ciclovias,
motofaixas e corredores de
ônibus por todas as regiões.
Como ignorar cerca de 450
mil ciclistas que se locomovem todos dias por São Paulo
sem ciclovias exclusivas?
E como esquecer que a
maioria absoluta da população da região metropolitana
de São Paulo se locomove a
pé ou de ônibus todos os dias
para seus compromissos profissionais ou pessoais?
Priorizar o pedestre, o ciclista e o transporte público
nas políticas e orçamentos
municipais deveria ser o foco
principal da preocupação de
nossas autoridades.
Se a retirada das vagas de
estacionamento não servir
para o propósito de requalificar o espaço público urbano
em São Paulo, perderemos
uma oportunidade histórica
de transformar nossa cidade
em referência internacional.
Qual o modelo de cidades
que queremos? Queremos cidades planejadas somente
para os carros, com grandes
avenidas e estacionamentos
por todos os lados? Ou queremos espaços urbanos mais
humanos e agradáveis?
Políticos são eleitos para
melhorar nossas cidades e as
transformarem em espaços
de convívio mais justos.
São Paulo acerta ao retirar
vagas de estacionamento
gratuitos pelas ruas, mas pode perder grande oportunidade de requalificação urbana se transformar esses mesmos espaços em viário para
os veículos privados.
Pessoas ou veículos?
Quem deve ter a prioridade?
SP terá que se decidir, e logo.
ADALBERTO FELÍCIO MALUF FILHO é
diretor da Fundação Clinton no Brasil e
mestrando do Instituto de Relações
Internacionais da USP
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