São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2010

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OPINIÃO

Medida é necessária, mas espaço deve focar pedestre

ADALBERTO FELÍCIO
MALUF FILHO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Reduzir vagas de estacionamento gratuito pelas ruas é uma medida extremamente impopular, porém necessária para organizar melhor o espaço público urbano.
Essa mesma política vem sendo implementada, com sucesso, pelas maiores cidades do mundo, como Paris, Nova York e Londres.
Nesses lugares, existe uma política integrada de restrição aos veículos privados, com o objetivo de promover o transporte público. Aumentam os espaços urbanos de qualidade, melhora a mobilidade de todos.
Promover a fluidez dos veículos privados não é mais o objetivo central das políticas nas cidades desenvolvidas.
A retirada de estacionamentos gratuitos das ruas fora feita na Broadway e na Times Square, em Nova York, e em outros tantos destinos.
A ideia é dar mais espaço aos corredores exclusivos de ônibus, a novas ciclovias e, principalmente, para alargar calçadas e criar espaços públicos de qualidade.
Buscar uso cada vez mais democrático e eficiente do espaço viário será primordial para a competitividade das cidades em atrair e manter empregos de alta qualidade.
As cidades devem considerar uma gestão mais equitativa do espaço urbano, que deve passar, prioritariamente, pela criação de ciclovias, motofaixas e corredores de ônibus por todas as regiões.
Como ignorar cerca de 450 mil ciclistas que se locomovem todos dias por São Paulo sem ciclovias exclusivas?
E como esquecer que a maioria absoluta da população da região metropolitana de São Paulo se locomove a pé ou de ônibus todos os dias para seus compromissos profissionais ou pessoais? Priorizar o pedestre, o ciclista e o transporte público nas políticas e orçamentos municipais deveria ser o foco principal da preocupação de nossas autoridades.
Se a retirada das vagas de estacionamento não servir para o propósito de requalificar o espaço público urbano em São Paulo, perderemos uma oportunidade histórica de transformar nossa cidade em referência internacional.
Qual o modelo de cidades que queremos? Queremos cidades planejadas somente para os carros, com grandes avenidas e estacionamentos por todos os lados? Ou queremos espaços urbanos mais humanos e agradáveis?
Políticos são eleitos para melhorar nossas cidades e as transformarem em espaços de convívio mais justos.
São Paulo acerta ao retirar vagas de estacionamento gratuitos pelas ruas, mas pode perder grande oportunidade de requalificação urbana se transformar esses mesmos espaços em viário para os veículos privados.
Pessoas ou veículos? Quem deve ter a prioridade? SP terá que se decidir, e logo.

ADALBERTO FELÍCIO MALUF FILHO é diretor da Fundação Clinton no Brasil e mestrando do Instituto de Relações Internacionais da USP



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