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EDUCAÇÃO
Cadernos e vídeo lançados hoje em SP integram ação para mudar visão da masculinidade
Projeto vai combater violência entre jovens
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O jovem homem tem mais probabilidade de matar ou morrer do
que qualquer outro grupo da população. No mundo todo, os rapazes estão mais sujeitos a agir
violentamente e estão entre as
principais vítimas da violência.
Eles também são os que menos se
dedicam às pessoas que os cercam
-filhos e companheiras- e que
menos cuidados têm com a saúde.
Pesquisas na última década
mostram que esse cenário não é
novo. Já se sabe que por trás dessa
violência, e da falta de cuidados
com o outro, existe uma cultura
de masculinidade que se inicia na
família, passa pela escola e termina nas gangues e nos bares.
A novidade, agora, é um esforço
internacional para permitir que o
jovem possa se sentir homem sem
agredir aos outros e a si próprio.
Amanhã, em São Paulo, e na
quinta-feira, em Brasília, será lançado o Projeto H, um conjunto de
cinco cadernos e de um vídeo destinados à população masculina de
15 a 24 anos de todas as Américas.
O projeto é de autoria da Ecos Comunicação em Sexualidade, com
a colaboração do Programa Papai
e da instituição mexicana Salud y
Género. Tem ainda o apoio da Organização Panamericana da Saúde e da IPPF/WHR, organização
que trabalha com planejamento
familiar na América Latina e Caribe. A coordenação é do Instituto
Promundo. O material servirá de
guia para educadores formarem
grupos de trabalho.
Masculinidades
O Projeto H começou a ser pensado em 1998, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS)
passou a prestar mais atenção nos
adolescentes homens. Nessa época, encontros sobre "masculinidades" constataram que não havia prevenção da violência para os
rapazes, embora a América Latina
seja campeã de homicídios.
O lançamento em Brasília,
quinta-feira, terá apoio do Ministério da Saúde.
O vídeo "Minha Vida de João",
desenho animado dirigido por
Reginaldo Bianco, da produtora 3
Laranjas, mostra a história de um
menino em busca de sua masculinidade. Os cadernos tratam dos
temas "sexualidade e saúde reprodutiva", "paternidade e cuidado", "da violência para a convivência", "razões e emoções", e
"HIV e Aids". "O objetivo é deixar
o jovem menos vulnerável à pressão da sociedade e do que se crê
que seja a masculinidade", diz a
psicóloga Silvani Arruda, da Ecos,
ONG autora do Projeto H.
Participar de rachas, não usar
camisinha, envolver-se em brigas
e dirigir alcoolizado são alguns
comportamentos de risco associado ao masculismo.
Teste no Rio
A aceitação e eficácia dos cadernos e do vídeo já foram testadas
em vários países. No Brasil, está
programada uma pesquisa com
750 rapazes, de 15 a 24 anos, do
Complexo da Maré e do bairro de
Bangu, no Rio, para julho.
O projeto prevê entrevistas namoradas ou amigas desses rapazes. "A pesquisa, que durará dois
anos, avaliará as mudanças no
comportamento dos rapazes. Se
houve redução da violência e se
participam mais da educação dos
filhos", diz Gary Barker, diretor
do Instituto Promundo.
Lançamento do vídeo "Minha Vida de
João", hoje, 19h, Livraria Ubaldo, r. Vahia
de Abreu, 579, V. Olímpia, São Paulo
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