São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

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EDUCAÇÃO

Cadernos e vídeo lançados hoje em SP integram ação para mudar visão da masculinidade

Projeto vai combater violência entre jovens

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O jovem homem tem mais probabilidade de matar ou morrer do que qualquer outro grupo da população. No mundo todo, os rapazes estão mais sujeitos a agir violentamente e estão entre as principais vítimas da violência. Eles também são os que menos se dedicam às pessoas que os cercam -filhos e companheiras- e que menos cuidados têm com a saúde.
Pesquisas na última década mostram que esse cenário não é novo. Já se sabe que por trás dessa violência, e da falta de cuidados com o outro, existe uma cultura de masculinidade que se inicia na família, passa pela escola e termina nas gangues e nos bares.
A novidade, agora, é um esforço internacional para permitir que o jovem possa se sentir homem sem agredir aos outros e a si próprio. Amanhã, em São Paulo, e na quinta-feira, em Brasília, será lançado o Projeto H, um conjunto de cinco cadernos e de um vídeo destinados à população masculina de 15 a 24 anos de todas as Américas. O projeto é de autoria da Ecos Comunicação em Sexualidade, com a colaboração do Programa Papai e da instituição mexicana Salud y Género. Tem ainda o apoio da Organização Panamericana da Saúde e da IPPF/WHR, organização que trabalha com planejamento familiar na América Latina e Caribe. A coordenação é do Instituto Promundo. O material servirá de guia para educadores formarem grupos de trabalho.

Masculinidades
O Projeto H começou a ser pensado em 1998, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a prestar mais atenção nos adolescentes homens. Nessa época, encontros sobre "masculinidades" constataram que não havia prevenção da violência para os rapazes, embora a América Latina seja campeã de homicídios.
O lançamento em Brasília, quinta-feira, terá apoio do Ministério da Saúde.
O vídeo "Minha Vida de João", desenho animado dirigido por Reginaldo Bianco, da produtora 3 Laranjas, mostra a história de um menino em busca de sua masculinidade. Os cadernos tratam dos temas "sexualidade e saúde reprodutiva", "paternidade e cuidado", "da violência para a convivência", "razões e emoções", e "HIV e Aids". "O objetivo é deixar o jovem menos vulnerável à pressão da sociedade e do que se crê que seja a masculinidade", diz a psicóloga Silvani Arruda, da Ecos, ONG autora do Projeto H.
Participar de rachas, não usar camisinha, envolver-se em brigas e dirigir alcoolizado são alguns comportamentos de risco associado ao masculismo.

Teste no Rio
A aceitação e eficácia dos cadernos e do vídeo já foram testadas em vários países. No Brasil, está programada uma pesquisa com 750 rapazes, de 15 a 24 anos, do Complexo da Maré e do bairro de Bangu, no Rio, para julho.
O projeto prevê entrevistas namoradas ou amigas desses rapazes. "A pesquisa, que durará dois anos, avaliará as mudanças no comportamento dos rapazes. Se houve redução da violência e se participam mais da educação dos filhos", diz Gary Barker, diretor do Instituto Promundo.


Lançamento do vídeo "Minha Vida de João", hoje, 19h, Livraria Ubaldo, r. Vahia de Abreu, 579, V. Olímpia, São Paulo


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