São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2004

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EDUCAÇÃO

Governador e secretário fazem divulgação parcial de pesquisa que avaliou alunos; Alckmin compara rede estadual à da Suíça

Tucanos omitem dados negativos do ensino

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo gastou R$ 9,9 milhões para fazer o maior levantamento do país sobre a qualidade do ensino, mas omitiu dados da pesquisa, limitando-se a divulgar aspectos positivos da avaliação.
O Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), feito pela Fundação Carlos Chagas, avaliou no ano passado 4.274.404 alunos de todas as séries do ensino fundamental e médio, o equivalente a 89,4% do total de estudantes da rede estadual. Foram aplicadas provas de redação e objetivas (habilidade de leitura e escrita). Não foi avaliado o ensino de matemática, como ocorreu entre 1996 e 2000.
A pesquisa foi divulgada ontem, em evento que contou com a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB), com transmissão via satélite para as principais diretorias de ensino no interior.
O secretário da Educação, Gabriel Chalita, ao justificar a não-divulgação da pesquisa completa -que já está tabulada-, disse que é preciso evitar o estabelecimento de rankings por aluno, escola ou cidade. "Não é edificante do ponto de vista educacional."
Segundo Sônia Maria Silva, coordenadora de estudos e normas pedagógicas, a idéia é "disponibilizar os dados aos poucos". Ela afirma que a secretaria repassou aos professores apenas informações relativas ao desempenho dos seus alunos. "Não queremos criar um clima de competição."
Pelos dados divulgados, a educação básica do Estado tem indicadores próximo aos do Primeiro Mundo: 75% das crianças da 1ª série e 90% da 2ª série do ensino fundamental estão alfabetizadas.
Entre os alunos de 3ª e 4ª séries, 75% e 79%, respectivamente, acertaram mais de 50% da prova objetiva. Na prova de redação, 68% dos alunos da 4ª série obtiveram nota superior a 5.
No ensino médio, o resultados otimistas se repetem: na 3ª série, a última do ciclo da educação básica, 70% dos alunos acertaram mais de 50% da prova e 78% tiveram média acima de 5 na redação.
"Estranhamos muito a apresentação desses dados tão positivos. Visitamos escolas, realizamos reuniões e recebemos informações de que a situação não é boa", diz o presidente da Udemo (sindicato dos dirigentes de ensino), Roberto Torres Leme.
"A escola pública está melhorando numa velocidade importante", afirma Alckmin. Para ele, o reflexo é a diminuição da evasão escolar no Estado: a taxa caiu de 10% (na última década) para 3%. No ensino fundamental, de 1ª a 4ª série, a evasão hoje é de 1%. "Ninguém mais está deixando a escola.1% de evasão é Suíça. A diferença é que a Suíça é pequenina e rica e nós somos um Estado de muita desigualdade social e com 5,7 milhões de alunos", diz.


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