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EDUCAÇÃO
Governador e secretário fazem divulgação parcial de pesquisa que avaliou alunos; Alckmin compara rede estadual à da Suíça
Tucanos omitem dados negativos do ensino
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo gastou R$ 9,9
milhões para fazer o maior levantamento do país sobre a qualidade
do ensino, mas omitiu dados da
pesquisa, limitando-se a divulgar
aspectos positivos da avaliação.
O Saresp (Sistema de Avaliação
de Rendimento Escolar do Estado
de São Paulo), feito pela Fundação Carlos Chagas, avaliou no ano
passado 4.274.404 alunos de todas
as séries do ensino fundamental e
médio, o equivalente a 89,4% do
total de estudantes da rede estadual. Foram aplicadas provas de
redação e objetivas (habilidade de
leitura e escrita). Não foi avaliado
o ensino de matemática, como
ocorreu entre 1996 e 2000.
A pesquisa foi divulgada ontem,
em evento que contou com a presença do governador Geraldo
Alckmin (PSDB), com transmissão via satélite para as principais
diretorias de ensino no interior.
O secretário da Educação, Gabriel Chalita, ao justificar a não-divulgação da pesquisa completa
-que já está tabulada-, disse
que é preciso evitar o estabelecimento de rankings por aluno, escola ou cidade. "Não é edificante
do ponto de vista educacional."
Segundo Sônia Maria Silva,
coordenadora de estudos e normas pedagógicas, a idéia é "disponibilizar os dados aos poucos".
Ela afirma que a secretaria repassou aos professores apenas informações relativas ao desempenho
dos seus alunos. "Não queremos
criar um clima de competição."
Pelos dados divulgados, a educação básica do Estado tem indicadores próximo aos do Primeiro
Mundo: 75% das crianças da 1ª série e 90% da 2ª série do ensino
fundamental estão alfabetizadas.
Entre os alunos de 3ª e 4ª séries,
75% e 79%, respectivamente,
acertaram mais de 50% da prova
objetiva. Na prova de redação,
68% dos alunos da 4ª série obtiveram nota superior a 5.
No ensino médio, o resultados
otimistas se repetem: na 3ª série, a
última do ciclo da educação básica, 70% dos alunos acertaram
mais de 50% da prova e 78% tiveram média acima de 5 na redação.
"Estranhamos muito a apresentação desses dados tão positivos.
Visitamos escolas, realizamos
reuniões e recebemos informações de que a situação não é boa",
diz o presidente da Udemo (sindicato dos dirigentes de ensino),
Roberto Torres Leme.
"A escola pública está melhorando numa velocidade importante", afirma Alckmin. Para ele,
o reflexo é a diminuição da evasão
escolar no Estado: a taxa caiu de
10% (na última década) para 3%.
No ensino fundamental, de 1ª a 4ª
série, a evasão hoje é de 1%. "Ninguém mais está deixando a escola.1% de evasão é Suíça. A diferença é que a Suíça é pequenina e rica
e nós somos um Estado de muita
desigualdade social e com 5,7 milhões de alunos", diz.
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