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Entidade propõe comitê de juízes para superprisões
Medida evitaria deixar que um só juiz responda pela prisão federal e fique vulnerável a ações de facções criminosas
A Associação dos Juízes Federais do Brasil criou uma comissão de segurança que irá apresentar um plano estratégico até setembro
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CATANDUVAS
A Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) reivindica que as superprisões federais fiquem sob a responsabilidade de um grupo de juízes federais, e não apenas do juiz da
vara criminal com jurisdição
sobre a penitenciária.
Walter Nunes da Silva Júnior, presidente da entidade,
diz que essa medida evitaria
que o juiz responsável ficasse
vulnerável a reações do crime
organizado.
"Não queremos criar a figura
do juiz sem rosto, não é isso.
Mas, como as penitenciárias federais irão abrigar não só presos federais, mas também criminosos dos Estados, a razoabilidade é não expor um juiz",
disse Silva Júnior ontem, durante a inauguração da Penitenciária Federal de Catanduvas (oeste do Paraná), a primeira prisão de segurança máxima
entregue pelo governo federal.
A cerimônia teve a participação do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
A escolha da população carcerária (208 detentos) da penitenciária de Catanduvas caberá
à 1ª Vara Criminal Federal de
Curitiba.
O presidente da Ajufe anunciou que a associação criou
uma comissão para tratar da
segurança e da assistência aos
juízes federais. Essa comissão
irá apresentar um plano estratégico até setembro.
Segundo Silva Júnior, não
existe a necessidade de expor
um juiz ao delegar a ele responsabilidade sobre determinar o
cumprimento da pena em uma
penitenciária federal.
"Como já aconteceu com o
TRF (Tribunal Regional Federal) ao indicar uma Vara de Curitiba (1ª Vara Criminal Federal), acreditamos que os outros
TRFs irão indicar varas de capitais. Mas indicar apenas um
juiz não é a melhor solução.
Não é medo. A situação é delicada e um grupo de juízes com
jurisdição sobre cada penitenciária é a melhor solução. Não
expõe o magistrado", disse.
A preocupação da Ajufe é que
o fato de apenas um juiz ter jurisdição sobre uma penitenciária federal deixe o magistrado
vulnerável a ações de facções
criminosas. "A situação é evidentemente delicada, temos
que pensar na integridade física dos juízes e de seus familiares", disse Silva Júnior.
Ministro
O ministro Márcio Thomaz
Bastos não comentou a preocupação dos juízes federais. Ele,
no entanto, rebateu críticas ao
atraso na construção das penitenciárias federais. "Eu não
prometi nada. Quem prometeu
penitenciárias federais foi a Lei
de Execução Penal, em 1984."
Antes, em discurso durante a
inauguração, o ministro disse
que foram necessários seis governos e 20 ministros da Justiça depois da lei de 1984, que determina a construção de presídios federais, para que o governo Lula assumisse a responsabilidade pelas construções.
Em outubro de 2003, Bastos
prometeu que, até o final do
mandato do presidente Lula,
cinco penitenciárias federais
seriam concluídas.
Ontem, em Catanduvas (438
km a oeste de Curitiba), foi entregue a primeira. A previsão é
que outras duas, em Campo
Grande (MS) e Mossoró (RN),
sejam entregues ainda neste
ano. A de Porto Velho (RO) está
programada para 2007.
Uma quinta penitenciária,
que seria no Espírito Santo, pode ser transferida para Minas
Gerais e está sem previsão para
início das obras.
O presídio de Catanduvas receberá os primeiros presos
dentro de um mês e meio.
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