São Paulo, sábado, 24 de junho de 2006

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Indústria amplia investimento contra doença

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

O investimento da indústria farmacêutica em remédios para diabetes cresce na mesma proporção da doença, que afeta hoje cerca de 16 milhões de brasileiros. Em 2004, foram movimentados US$ 12 bilhões em drogas, monitores de glicose e insulinas. No próximo ano, a previsão é de US$ 20 bilhões.
As novidades no setor são inúmeras: insulina inalável, insulina injetável com duração maior e remédios que atuam no intestino. Outro lançamento previsto são os monitores de glicose que avisam as bombas de insulina colocadas sob a pele quando elas devem agir.
O problema ainda é a adesão ao tratamento. Há pesquisas que indicam que até 87% dos diabéticos não obedecem à prescrição do médico. "A principal razão para a falta de adesão é o custo dos remédios", afirma o endocrinologista Leão Zagury, professor da PUC do Rio e membro da Academia de Medicina do Rio de Janeiro.
A insulina inalável deve chegar ao Brasil no segundo semestre. Voltada para o tratamento dos tipos 1 e 2, o produto (Exubera) é de ação rápida e substitui as três injeções, em média, que os diabéticos (especialmente do tipo 1) tomam antes das refeições. Eles vão continuar usando a injeção de insulina de longa duração.
Colocada em um inalador parecido com o usado nas crises de bronquite, a insulina em pó é inalada pela boca. A substância é absorvida pelos pulmões e segue para a corrente sangüínea. Ainda não está definido o valor da nova insulina no Brasil. Na Europa, custa cerca de US$ 5 por dia, dependendo da dosagem usada pelo paciente.
As insulinas injetáveis também estão sendo incrementadas. Duas delas (Lantus e Levemir) têm duração de 24 horas no organismo, sem picos.
Outra novidade é uma nova classe de remédios que agem no intestino. Eles afetam a produção de hormônios chamados incretinas -produzidos por células do aparelho digestivo cada vez que nos alimentamos. Do intestino, eles vão para o pâncreas pela corrente sangüínea e ajudam a fabricar insulina.
Numa pessoa normal, o nível de incretina no intestino cresce 60% cada vez que ela se alimenta. No diabético, o aumento é de 6%. Até hoje, os medicamentos agiam de duas maneiras: estimulando diretamente o pâncreas a fabricar insulina ou melhorando a ação dela ao diminuir a resistência do corpo.
Segundo Leão Zagury, quem estiver usando a bombinha de insulina (aparelho ligado ao organismo por um cateter subcutâneo que a joga no sangue) contará em breve com um monitor de glicemia que sugere ao dispositivo a quantidade de hormônio a ser injetada. Ele também dirá a quantidade segura de carboidratos que o paciente tem de consumir.


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