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Indústria amplia investimento contra doença
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O investimento da indústria
farmacêutica em remédios para diabetes cresce na mesma
proporção da doença, que afeta
hoje cerca de 16 milhões de brasileiros. Em 2004, foram movimentados US$ 12 bilhões em
drogas, monitores de glicose e
insulinas. No próximo ano, a
previsão é de US$ 20 bilhões.
As novidades no setor são
inúmeras: insulina inalável, insulina injetável com duração
maior e remédios que atuam no
intestino. Outro lançamento
previsto são os monitores de
glicose que avisam as bombas
de insulina colocadas sob a pele
quando elas devem agir.
O problema ainda é a adesão
ao tratamento. Há pesquisas
que indicam que até 87% dos
diabéticos não obedecem à
prescrição do médico. "A principal razão para a falta de adesão é o custo dos remédios",
afirma o endocrinologista Leão
Zagury, professor da PUC do
Rio e membro da Academia de
Medicina do Rio de Janeiro.
A insulina inalável deve chegar ao Brasil no segundo semestre. Voltada para o tratamento dos tipos 1 e 2, o produto
(Exubera) é de ação rápida e
substitui as três injeções, em
média, que os diabéticos (especialmente do tipo 1) tomam antes das refeições. Eles vão continuar usando a injeção de insulina de longa duração.
Colocada em um inalador parecido com o usado nas crises
de bronquite, a insulina em pó é
inalada pela boca. A substância
é absorvida pelos pulmões e segue para a corrente sangüínea.
Ainda não está definido o valor
da nova insulina no Brasil. Na
Europa, custa cerca de US$ 5
por dia, dependendo da dosagem usada pelo paciente.
As insulinas injetáveis também estão sendo incrementadas. Duas delas (Lantus e Levemir) têm duração de 24 horas
no organismo, sem picos.
Outra novidade é uma nova
classe de remédios que agem
no intestino. Eles afetam a produção de hormônios chamados
incretinas -produzidos por células do aparelho digestivo cada
vez que nos alimentamos. Do
intestino, eles vão para o pâncreas pela corrente sangüínea e
ajudam a fabricar insulina.
Numa pessoa normal, o nível
de incretina no intestino cresce
60% cada vez que ela se alimenta. No diabético, o aumento é
de 6%. Até hoje, os medicamentos agiam de duas maneiras: estimulando diretamente o pâncreas a fabricar insulina ou melhorando a ação dela ao diminuir a resistência do corpo.
Segundo Leão Zagury, quem
estiver usando a bombinha de
insulina (aparelho ligado ao organismo por um cateter subcutâneo que a joga no sangue)
contará em breve com um monitor de glicemia que sugere ao
dispositivo a quantidade de
hormônio a ser injetada. Ele
também dirá a quantidade segura de carboidratos que o paciente tem de consumir.
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