São Paulo, domingo, 24 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

De férias, família "acampa" no aeroporto

A comerciante Cosma Ferreira de Freitas, com 2 irmãs e 2 sobrinhos, passou a noite em Cumbica após ter vôo remarcado

Rotas entre Nordeste e Sudeste/Sul eram as que apresentavam mais problemas em Cumbica e em Congonhas ontem

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

DEBORAH GIANNINI
DA REVISTA DA FOLHA

A comerciante Cosma Ferreira de Freitas, 43, passou a noite de sexta-feira "acampada" nas cadeiras em frente ao check-in da TAM do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), com a família.
De férias e a caminho de Fortaleza (CE), onde programou encontrar o pai de 87 anos, que está doente, ela disse que jamais imaginou que passaria por essa situação.
Seu vôo, previsto para decolar às 23h50 de sexta-feira, foi remarcado para as 20h de ontem, após a suspensão de inúmeros vôos com destino ao Nordeste, Brasília, Estados Unidos e Europa.
A comerciante, duas irmãs e dois sobrinhos saíram de Americana (128 km de SP) na sexta-feira à tarde e chegaram a Guarulhos por volta das 18h.
"Às 20h, recebi a notícia de que teria de esperar porque o vôo tinha sido cancelado. O problema é que ninguém pensa onde você vai dormir, comer. Um cafezinho aqui não sai por menos de R$ 3,50. Como vamos pagar almoço e jantar para cinco pessoas?", questionava.
"Um grupo de pessoas distribuiu nariz de palhaço para os passageiros que, como nós, pagam mico aqui no saguão", relatou Cosma.
A comerciante informou que iria esperar até as 20h de ontem para decidir o que iria fazer em relação à empresa. "Se cancelarem de novo ou se houver atraso grande, aí não dá. Paciência tem limite."
Tentando fazer o trajeto inverso, o médico argentino Mario Afonso, 53, também enfrentou problemas. Ele disse que teve de esperar quase três horas para embarcar de Fortaleza para São Paulo, de sexta para ontem, e ao menos outras quatro horas no aeroporto de Salvador, onde seu vôo fez uma conexão que não estava prevista.
"Saímos de Fortaleza às 3h, já com atraso. Depois ficamos parados, dentro do avião, em Salvador. Uma total confusão", disse a professora argentina Mirta Rodrigues, 60.
O casal aguardava o vôo que os levaria para Buenos Aires por volta das 14h15 de ontem.
Também com dificuldades para embarcar para Alagoas, Joaquina Maria do Carmo, 84, aguardava na cadeira de rodas em Cumbica para seguir viagem para casa, em Maceió.
Seu vôo estava marcado para as 23h40 de quinta e foi cancelado na madrugada de sexta. Ela viajaria com o bisneto de cinco anos e o pai do garoto.
"Eles entraram na sala de embarque, mas logo depois me ligaram, dizendo que o vôo foi remarcado para sábado (ontem)", disse Terezinha do Carmo, filha de Joaquina. Da cadeira de rodas, dona Joaquina ouvia a conversa e repetia: ""Só quero ir pra casa, minha filha, estou muito cansada".

Congonhas
No aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), passageiros de vôos que partiram do Nordeste com destino a Curitiba foram os que mais sofreram ontem com os reflexos da crise.
O analista de negócios José Roberto de Souza, 36, tinha ontem a perspectiva de completar 24 horas em trânsito. Seu vôo, que sairia de Teresina (PI) às 16h30 de sexta, foi cancelado quando ele já estava no avião.
Seis horas depois do horário previsto, ele conseguiu partir para Brasília, onde dormiu, para depois seguir para São Paulo.
Em Congonhas, ele teria de esperar por mais seis horas para embarcar para Curitiba.
A administradora de empresas Maria da Penha Amorim, 55, e o filho André, 17, tentavam se acomodar nas cadeiras do saguão para recuperar a noite perdida de sono.
Com o vôo cancelado em Recife à 0h30 de ontem, conseguiram remarcar para as 3h e chegaram a Congonhas às 6h25 -o previsto era desembarcar em Guarulhos (Grande SP).
Aguardavam então o embarque para Curitiba, previsto para as 13h. "Gastamos mais tempo e dinheiro do que o planejado. Dois sanduíches de queijo e um suco saíram por R$ 18", disse Maria da Penha.


Texto Anterior: Isolados, controladores decidem testar força
Próximo Texto: "Prender e fazer calar é coisa de ditadura", diz entidade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.