|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
De férias, família "acampa" no aeroporto
A comerciante Cosma Ferreira de Freitas, com 2 irmãs e 2 sobrinhos, passou a noite em Cumbica após ter vôo remarcado
Rotas entre Nordeste e Sudeste/Sul eram as
que apresentavam mais problemas em Cumbica
e em Congonhas ontem
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
DEBORAH GIANNINI
DA REVISTA DA FOLHA
A comerciante Cosma Ferreira de Freitas, 43, passou a
noite de sexta-feira "acampada" nas cadeiras em frente ao
check-in da TAM do aeroporto
de Cumbica, em Guarulhos
(Grande SP), com a família.
De férias e a caminho de Fortaleza (CE), onde programou
encontrar o pai de 87 anos, que
está doente, ela disse que jamais imaginou que passaria por
essa situação.
Seu vôo, previsto para decolar às 23h50 de sexta-feira, foi
remarcado para as 20h de ontem, após a suspensão de inúmeros vôos com destino ao
Nordeste, Brasília, Estados
Unidos e Europa.
A comerciante, duas irmãs e
dois sobrinhos saíram de Americana (128 km de SP) na sexta-feira à tarde e chegaram a Guarulhos por volta das 18h.
"Às 20h, recebi a notícia de
que teria de esperar porque o
vôo tinha sido cancelado. O
problema é que ninguém pensa
onde você vai dormir, comer.
Um cafezinho aqui não sai por
menos de R$ 3,50. Como vamos pagar almoço e jantar para
cinco pessoas?", questionava.
"Um grupo de pessoas distribuiu nariz de palhaço para os
passageiros que, como nós, pagam mico aqui no saguão", relatou Cosma.
A comerciante informou que
iria esperar até as 20h de ontem para decidir o que iria fazer
em relação à empresa. "Se cancelarem de novo ou se houver
atraso grande, aí não dá. Paciência tem limite."
Tentando fazer o trajeto inverso, o médico argentino Mario Afonso, 53, também enfrentou problemas. Ele disse que
teve de esperar quase três horas para embarcar de Fortaleza
para São Paulo, de sexta para
ontem, e ao menos outras quatro horas no aeroporto de Salvador, onde seu vôo fez uma conexão que não estava prevista.
"Saímos de Fortaleza às 3h, já
com atraso. Depois ficamos parados, dentro do avião, em Salvador. Uma total confusão",
disse a professora argentina
Mirta Rodrigues, 60.
O casal aguardava o vôo que
os levaria para Buenos Aires
por volta das 14h15 de ontem.
Também com dificuldades
para embarcar para Alagoas,
Joaquina Maria do Carmo, 84,
aguardava na cadeira de rodas
em Cumbica para seguir viagem para casa, em Maceió.
Seu vôo estava marcado para
as 23h40 de quinta e foi cancelado na madrugada de sexta.
Ela viajaria com o bisneto de
cinco anos e o pai do garoto.
"Eles entraram na sala de
embarque, mas logo depois me
ligaram, dizendo que o vôo foi
remarcado para sábado (ontem)", disse Terezinha do Carmo, filha de Joaquina. Da cadeira de rodas, dona Joaquina
ouvia a conversa e repetia: ""Só
quero ir pra casa, minha filha,
estou muito cansada".
Congonhas
No aeroporto de Congonhas
(zona sul de São Paulo), passageiros de vôos que partiram do
Nordeste com destino a Curitiba foram os que mais sofreram
ontem com os reflexos da crise.
O analista de negócios José
Roberto de Souza, 36, tinha ontem a perspectiva de completar
24 horas em trânsito. Seu vôo,
que sairia de Teresina (PI) às
16h30 de sexta, foi cancelado
quando ele já estava no avião.
Seis horas depois do horário
previsto, ele conseguiu partir
para Brasília, onde dormiu, para depois seguir para São Paulo.
Em Congonhas, ele teria de
esperar por mais seis horas para embarcar para Curitiba.
A administradora de empresas Maria da Penha Amorim,
55, e o filho André, 17, tentavam
se acomodar nas cadeiras do saguão para recuperar a noite
perdida de sono.
Com o vôo cancelado em Recife à 0h30 de ontem, conseguiram remarcar para as 3h e chegaram a Congonhas às 6h25 -o
previsto era desembarcar em
Guarulhos (Grande SP).
Aguardavam então o embarque para Curitiba, previsto para as 13h. "Gastamos mais tempo e dinheiro do que o planejado. Dois sanduíches de queijo e
um suco saíram por R$ 18", disse Maria da Penha.
Texto Anterior: Isolados, controladores decidem testar força Próximo Texto: "Prender e fazer calar é coisa de ditadura", diz entidade Índice
|