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Reitoria da USP tem mesas reviradas e cratera no forro
Polícia Científica passou ontem o dia vistoriando o prédio
Na USP de São Carlos, 30 estudantes que ocupavam havia quatro dias a escola de engenharia saíram do prédio anteontem à noite
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
Cadeiras empilhadas, mesas
reviradas, um portão destruído,
uma cratera no forro, computador jogado no chão do banheiro
e sinais de um pequeno incêndio na tampa da caixa de força
do prédio. Próximo à porta, foi
pichado "voltaremos".
O cenário da reitoria da USP
após 50 dias da invasão encerrada sexta foi revelado na noite
de ontem à imprensa depois
que a Polícia Científica passou
o dia vistoriando o prédio.
Só foi permitido acesso ao
térreo. Faltou mostrar os outros seis andares. Entre os danos evidentes, uma fotocopiadora quebrada, tirada pela
guarda universitária de uma laje -suspeita-se de furto.
No térreo, a área mais danificada é a vice-reitoria: nenhum material de trabalho nas mesas, só sujeira. Várias computadores sumiram das mesas, segundo a perícia. Como vários foram encontrados empilhados numa sala, fará uma contagem para ver se são os mesmos, mas podem ter sido levados para outras salas.
Há dezenas de cadeiras empilhadas. Sobre elas, foram deixados dois cartazes. Um diz "seus dias de reitoria estão contados" e o outro "vocês têm dinheiro demais".
"A reitoria está "estourada",
com janelas quebradas, muito
lixo no chão, garrafas de bebidas jogadas, louças sujas, panos
de prato usados", diz Lourdes
Fadul, fotógrafa que acompanha a Polícia Científica.
Os três peritos presentes no
local tiveram dificuldades para
circular pelo prédio, já que
muitas portas estavam interditadas por cadeados e correntes.
"Acreditamos que os alunos [as
trancaram], mas não sabemos
por quê", afirma Fadul. A perícia dos outros seis andares só
terminou às 20h de ontem.
Segundo Marcos Henrique,
coordenador de segurança da
guarda universitária, várias
portas foram arrombadas. Entre elas, a da manutenção, onde
os invasores obtiveram cópias
das chaves das demais salas.
Chefes de departamento devem comparecer hoje à reitoria
para examinar se faltam computadores e equipamentos.
Reitora
A procuradora-chefe do departamento jurídico da USP,
Ana Maria da Cruz, acompanhou ontem o trabalho de perícia na reitoria. Ela permaneceu
em contato por telefone com a
reitora da universidade, Suely
Vilela -que foi procurada pela
Folha, mas que não se manifestaria, dizia sua assessoria. "Estamos em contato com ela, que
está sendo informada de tudo."
Entre as reivindicações, os
alunos exigiam garantia de não
punição a eventuais danos.
Mas, constatados excessos e
prejuízos, os responsáveis, se
identificados, responderão de
acordo com as participações.
Na USP de São Carlos (a 231
km de SP), cerca de 30 estudantes que ocupavam havia quatro
dias a escola de engenharia saíram do prédio anteontem à
noite. Os alunos mantêm outra
invasão há mais de cem dias para reivindicar moradias.
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