São Paulo, domingo, 24 de junho de 2007

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Reitoria da USP tem mesas reviradas e cratera no forro

Polícia Científica passou ontem o dia vistoriando o prédio

Na USP de São Carlos, 30 estudantes que ocupavam havia quatro dias a escola de engenharia saíram do prédio anteontem à noite

DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cadeiras empilhadas, mesas reviradas, um portão destruído, uma cratera no forro, computador jogado no chão do banheiro e sinais de um pequeno incêndio na tampa da caixa de força do prédio. Próximo à porta, foi pichado "voltaremos".
O cenário da reitoria da USP após 50 dias da invasão encerrada sexta foi revelado na noite de ontem à imprensa depois que a Polícia Científica passou o dia vistoriando o prédio.
Só foi permitido acesso ao térreo. Faltou mostrar os outros seis andares. Entre os danos evidentes, uma fotocopiadora quebrada, tirada pela guarda universitária de uma laje -suspeita-se de furto.
No térreo, a área mais danificada é a vice-reitoria: nenhum material de trabalho nas mesas, só sujeira. Várias computadores sumiram das mesas, segundo a perícia. Como vários foram encontrados empilhados numa sala, fará uma contagem para ver se são os mesmos, mas podem ter sido levados para outras salas.
Há dezenas de cadeiras empilhadas. Sobre elas, foram deixados dois cartazes. Um diz "seus dias de reitoria estão contados" e o outro "vocês têm dinheiro demais".
"A reitoria está "estourada", com janelas quebradas, muito lixo no chão, garrafas de bebidas jogadas, louças sujas, panos de prato usados", diz Lourdes Fadul, fotógrafa que acompanha a Polícia Científica.
Os três peritos presentes no local tiveram dificuldades para circular pelo prédio, já que muitas portas estavam interditadas por cadeados e correntes. "Acreditamos que os alunos [as trancaram], mas não sabemos por quê", afirma Fadul. A perícia dos outros seis andares só terminou às 20h de ontem.
Segundo Marcos Henrique, coordenador de segurança da guarda universitária, várias portas foram arrombadas. Entre elas, a da manutenção, onde os invasores obtiveram cópias das chaves das demais salas.
Chefes de departamento devem comparecer hoje à reitoria para examinar se faltam computadores e equipamentos.

Reitora
A procuradora-chefe do departamento jurídico da USP, Ana Maria da Cruz, acompanhou ontem o trabalho de perícia na reitoria. Ela permaneceu em contato por telefone com a reitora da universidade, Suely Vilela -que foi procurada pela Folha, mas que não se manifestaria, dizia sua assessoria. "Estamos em contato com ela, que está sendo informada de tudo."
Entre as reivindicações, os alunos exigiam garantia de não punição a eventuais danos.
Mas, constatados excessos e prejuízos, os responsáveis, se identificados, responderão de acordo com as participações.
Na USP de São Carlos (a 231 km de SP), cerca de 30 estudantes que ocupavam havia quatro dias a escola de engenharia saíram do prédio anteontem à noite. Os alunos mantêm outra invasão há mais de cem dias para reivindicar moradias.


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