São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pai ataca ladrões e salva filha de seqüestro

Aposentado de 54 anos viu a filha de 26 ser levada no próprio carro, perseguiu os assaltantes, lutou com eles e conseguiu libertá-la

Caso ocorreu no sábado à tarde em Piedade, no interior paulista; polícia recomenda que, em casos semelhantes, o melhor é acioná-la

Raimundo Paccó/Folha Imagem
Pai e filha chegam a delegacia de Piedade (a 113 km de São Paulo) após tentativa de seqüestro

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PIEDADE

Um aposentado de 54 anos viu a filha ser levada de casa por dois homens, em Piedade (99 km de SP), perseguiu os assaltantes por cerca de dez minutos, brigou com os dois e conseguiu que a soltassem, impedindo a continuação do seqüestro.
O caso ocorreu por volta das 13h do sábado. A filha, uma enfermeira de 26 anos, estacionava o carro em frente à casa que está construindo quando um rapaz de cerca de 18 anos se aproximou. Ele ordenou que ela passasse para o banco do passageiro e entrou no carro. Outro assaltante também entrou no veículo, que deixou o local "cantando pneu", segundo testemunhas.
"Eu pedia para eles me deixarem, mas não consegui", disse a mulher ontem.
O pai da enfermeira chegava ao local em uma camionete. Ao perceber a movimentação estranha, resolveu seguir o carro da filha. "Na hora, nem pensei em nada e resolvi ir atrás."
Com a perseguição, os bandidos perderam o controle do carro, que bateu em uma cerca, em uma área afastada da cidade. Ninguém se feriu na batida.
O pai desceu da camionete e atacou o motorista a socos e pontapés, enquanto o outro assaltante tentava segurar a filha. Ao vê-lo, um dos bandidos colocou a mão no bolso, simulando que iria sacar uma arma.
A enfermeira teve os cabelos puxados por um dos bandidos. Conseguiu se soltar e disse que também o agrediu. Os ladrões acabaram fugindo por um matagal. Levaram um celular e outros pertences que conseguiram pegar na bolsa da vítima.
Segundo a polícia, o pai correu riscos; a recomendação é que, em situações semelhantes, o melhor a fazer é acioná-la.
"É claro que poderia ter acontecido algo pior; o certo seria chamar a polícia antes. Mas a reação da pessoa, quando envolve família, é diversa. Uns desmaiam, entram em estado de choque. E outros reagem com violência", disse o delegado José Chaves de Mello.

Roubo ou seqüestro
O crime foi registrado como roubo consumado, mas a família diz acreditar que se tratava de seqüestro relâmpago. No mesmo dia, foram registrados quatro roubos na cidade -segundo a Polícia Civil, sem conexão entre eles.
"Talvez eles quisessem cartão de crédito para tirar dinheiro, algo assim", afirmou a enfermeira.
A Polícia Civil de Piedade afirma ter um suspeito, mas, de acordo com o delegado Mello, é possível que os assaltantes sejam de outra cidade. Ele disse acreditar que os criminosos não eram experientes, pois agiram "de cara limpa e sem armas".
Pai e filha fizeram o retrato falado dos assaltantes ontem na delegacia de Piedade.
"Nunca vi meu pai daquele jeito. Até estranhei. Não sei de onde ele tirou tanta força. Ele é muito tranqüilo, nunca entrou em briga. Ele foi um herói", disse a vítima.


Texto Anterior: Amazonas: Helicóptero do Exército cai e mata um militar
Próximo Texto: "Não sei dizer se era raiva o que senti", diz pai
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.