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Gasto pós-chuva supera o de prevenção
Em sete anos e meio, governo federal gastou cinco vezes mais com reconstruções e assistência a desabrigados
Secretária de Defesa Social diz que exigência da lei interfere na transferência de verba destinada à prevenção
FERNANDA ODILLA
LARISSA GUIMARÃES
DE BRASÍLIA
Em sete anos e meio, o governo federal gastou cinco
vezes mais com a reconstrução e assistência para as vítimas de desastres do que com
a prevenção deles.
Entre 2003 e junho deste
ano, foram liberados R$ 5,8
bilhões para ações pós-tragédias e R$ 1,1 bilhão para prevenir enchentes como as
que, na semana passada,
destruíram dezenas de cidades de Alagoas e de Pernambuco, provocando 45 mortes.
Levantamento da Folha,
feito junto ao sistema de execução orçamentária da
União, comparou os recursos
dos programas "prevenção e
preparação para desastres" e
"respostas aos desastres e reconstrução", sob a responsabilidade do Ministério da Integração Nacional.
Na execução do orçamento deste ano, o ministério desembolsou R$ 70,6 milhões,
o equivalente a 14% do total
de recursos disponíveis para
aquisição de equipamentos,
estabilização de encostas,
contenção de erosões e realocação de famílias em áreas de
risco. Do total liberado, mais
da metade foi para a Bahia,
Estado do ex-ministro da Integração Geddel Vieira Lima,
que deixou a pasta para disputar o governo do Estado.
Alagoas não recebeu nenhum centavo para ações
preventivas -o governo do
Estado admite que não pediu
verbas neste ano. Pernambuco recebeu R$ 172 mil -0,2%
do total liberado pelo Ministério da Integração Nacional.
A secretária nacional de
Defesa Social, Ivone Valente,
explica que as exigências
previstas em lei interferem
na assinatura de convênios e
transferência de recursos.
Além de projeto, os municípios precisam apresentar
licenças ambientais, mais de
uma dezena de documentos
e pareceres jurídicos.
A liberação da primeira
parcela pode demorar até
dois anos. "A lista de exigências é uma dificuldade, um limitador", diz a secretária.
Ela pondera que as ações
do governo para prevenir tragédias não se limitam aos
programas do Ministério da
Integração. "Toda e qualquer
obra e intervenção que seja
de melhoria de infraestrutura e melhoria social impactam na redução de danos. Os
recursos do nosso programa
são irrisórios", afirma.
GABINETE
A pedido do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que
visita hoje Alagoas e Pernambuco, foi montado um gabinete de crise para prestar assistência às vítimas e ajudar
a reconstruir os Estados.
Segundo Valente, a principal demanda é a aquisição de
barracas para abrigar os desalojados, água e alimentos.
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