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Brasil identifica mais criminosos de outros países
Total de foragidos encontrados pela PF no país até junho chega a 127, marca recorde; em 2009, foram 42
Esforço do governo
é uma tentativa de reverter imagem de que o Brasil é o paraíso de fugitivos estrangeiros
LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA
Multiétnico, extenso e
considerado atrativo para fugitivos estrangeiros, o Brasil
identificou no primeiro semestre quase um procurado
internacional por dia, índice
recorde. Até o final de junho,
a Polícia Federal extraditou
ou deportou 127 procurados
pela Interpol.
Essas pessoas se dividem
em: 1) estrangeiros procurados pela Justiça de seus países; 2) estrangeiros que cometeram crimes no Brasil e
fugiram; 3) brasileiros foragidos da polícia internacional;
e 4) brasileiros que cometeram delitos internacionais
em território nacional.
Dos identificados pela PF
neste ano, 90 eram brasileiros, a maioria condenada por
crimes como homicídio, tráfico de drogas e de pessoas
(para fins de prostituição).
Entre os estrangeiros, predominam os delitos sexuais.
No ano passado inteiro, a
PF identificou apenas 42 procurados da Interpol.
Do carrasco nazista alemão Josef Mengele, passando pelo mafioso italiano
Tommaso Buscetta, ao traficante colombiano Juan Carlos Abadía e ao ladrão inglês
Ronald Biggs, o país é destino de tantos criminosos estrangeiros que a reputação se
popularizou até no cinema.
As autoridades também temem a presença de terroristas no Brasil. O esforço é uma
tentativa de reverter essa
imagem -apesar de esbarrar
em limitações na legislação.
SISTEMA INTERLIGADO
No final de 2009, o governo lançou o programa Fim da
Linha (sistema de banco de
dados interligado 24 horas),
que reforçou os canais de comunicação com as polícias
do mundo. Isso elevou o total
de prisões e deportações.
Um dos casos mais emblemáticos foi a extradição para
o Brasil, em março, do médico Hosmany Ramos, preso
na Islândia ao tentar entrar
no país com documentos falsos. Condenado por roubo,
tráfico e assassinato, foi preso quando fugia.
No último mês, a PF deteve
uma quadrilha brasileira de
tráfico internacional de animais silvestres.
No sistema da Interpol,
constam hoje 325 brasileiros
procurados no exterior.
Abadía, extraditado em
2009 para os EUA, não foi o
único megatraficante colombiano preso no Brasil.
Em abril deste ano, após
compartilhar informações
com a polícia americana, a
PF prendeu Nestor Ramon
Chaparro, um dos quatro
maiores traficantes do país
vizinho. Ele foi flagrado numa cobertura de luxo no Rio.
Chaparro ainda está preso
no país, à espera do trâmite
da extradição para os EUA.
Outro procurado detido recentemente, na Bahia, foi um
italiano condenado à prisão
por abusar sexualmente da
própria filha, de quatro anos.
"A ideia principal é trabalhar para mostrar ao mundo
que não somos mais um paraíso para os criminosos internacionais", diz José Ricardo Botelho, diretor-chefe da
Interpol no Brasil.
Um dos resultados do Fim
da Linha foi a agilidade na
troca de informações. Como
no caso de um brasileiro preso em Lisboa, por assalto.
Checando os dados a pedido
das autoridades portuguesas, a PF descobriu que o
passaporte dele era falso.
"Ele era fugitivo das Justiças de Minas e do Espírito
Santo, condenado por extorsão mediante sequestro e homicídio. Descobrimos isso
em 16 horas. Antes, essa troca de informações levava de
dois a três anos", diz Botelho.
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