São Paulo, domingo, 24 de julho de 2011

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"Inquilinos" da ponte das Bandeiras terão que sair

Prefeitura manda que duas famílias no mirante do Tietê deixem o local

Moradoras da torre há 10 e 22 anos, famílias eram "vigias" de obra feita para ser portal da zona norte da cidade

Eduardo Knapp/Folhapress
Da janela de sua casa, na na ponte das Bandeiras, Robson Saraiva
vê a marginal Tietê


GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Caminhões passam, as casas tremem -uma rotina para duas famílias que vivem na ponte das Bandeiras, na marginal Tietê (zona norte).
As "residências" são na verdade uma das torres do mirante do Tietê, que nos anos 40 era usado para ver as regatas no então límpido rio.
"Inquilinos" da torre há dez e 22 anos, respectivamente, as famílias Saraiva e Vilanova, atuaram como espécies de vigilantes da torre, sem pagar aluguel e, segundo a Prefeitura de São Paulo, terão de sair em breve.
A primeira delas ainda tem aval do governo para ficar. A segunda, não.
Vani Vilanova, 64, ex-telefonista da prefeitura, não dispõe desse benefício desde 1999, ainda na gestão Celso Pitta. Já a agente de zeladoria Miraci Saraiva, 59, tem aval para morar ali com o marido, servidor aposentado, e os filhos, diz a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras.
A pasta informou que as famílias irão para programas de moradia da Cohab.

PONTE HISTÓRICA
O destino das duas famílias voltou a ser discutido na segunda-feira passada, quando outra parte da ponte - um acesso para pedestres onde viviam moradores de rua - pegou fogo. Os sem-teto abriram um buraco para se abrigarem nela.
Inaugurada em 1942 com a presença do presidente Getúlio Vargas, a ponte das Bandeiras foi construída na gestão de Prestes Maia para ser o portal norte da cidade. Em 2005, a prefeitura deu início a reformas na ponte, quando as famílias já viviam lá.
A situação das famílias que moram na torre não é a mesma dos sem-teto, que vivem em meio ao lixo.
Na "casa" de Miraci -onde vivem ela, quatro filhos, o marido, o papagaio Mancha Verde e o calopsita Robson - o barulho e a poeira dos carros é compensado pelo capricho na decoração.
Na cozinha, geladeira nova e mesa com tampo de mármore. Há banheiro com chuveiro quente. Um amplo espaço foi dividido em três - um deles virou a sala, os outros dois são quartos. Algo parecido com um loft.
As divisórias de ambientes são dois guarda-roupas. Todos os móveis são bem conservados e limpos.
"A gente tem o maior capricho. Se não morássemos aqui, os noias já teriam ocupado", disse Robson, 18, um dos filhos de Miraci. "A gente inclusive socorre os acidentados aqui sob a ponte."
Na segunda-feira, dois funcionários da Subprefeitura da Sé foram até lá para comunicar que eles terão que sair o quanto antes.A família Saraiva não foi avisada, mas a secretaria confirmou que ela irá para outro imóvel.


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