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ACIDENTE
Arma caseira usada por aluno em uma encenação disparou
Professora é morta durante aula na BA
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador
Um tiro acidental dentro de
uma sala de aula provocou na
noite de anteontem a morte da
professora de história Lucineide
Ferreira Souza, 35, no Colégio
Municipal de Camacã (510 km ao
sul de Salvador).
A professora foi baleada com
um tiro de espingarda durante
uma aula para alunos do ensino
médio (antigo 2º grau) do curso
noturno. O disparo ocorreu enquanto a arma estava em mãos do
estudante Ciro Sérgio Souza Carrilho, 20, que havia acabado de
apresentar um trabalho cênico
sobre a Revolução Francesa.
Na peça, Ciro Carrilho fazia o
papel de um revolucionário que
se rebelava contra a monarquia.
Sua atuação previa uma luta armada contra seguranças do rei da
França.
A polícia informou que a arma
utilizada na encenação era de fabricação caseira, tinha dois canos
para disparo e pertencia à escola.
Ela teria sido usada com o consentimento da professora.
"Durante a encenação, o estudante acionou um dos canos da
arma várias vezes, sem que nenhum disparo tenha sido feito. O
problema é que o outro cano estava carregado, e ninguém sabia",
disse Laura Virgínia Reis Brito,
escrivã de polícia.
Laura informou que o tiro que
atingiu o tórax da professora foi
disparado após a apresentação,
enquanto Lucineide comentava o
trabalho com os alunos.
"Ainda não tivemos tempo de
ouvir os funcionários e dirigentes
da escola para saber por que a arma estava carregada, mas estamos convictos de que o tiro foi
acidental", disse a delegada Celina Rocha, que enviou ontem a espingarda para a perícia técnica.
A delegada informou também
que, antes de morrer, Lucineide
disse à colega Noélia Xavier que o
estudante não teve intenção de
atirar.
Parentes do estudante disseram
à polícia que, inicialmente, Ciro
Carrilho não pertencia ao grupo
que apresentou o trabalho. Ele teria sido chamado para atuar na
peça na última hora, sem ter participado dos ensaios.
A professora morreu em consequência de hemorragia interna,
cerca de 30 minutos após o disparo, a caminho do hospital Calixto
Midlei, em Itabuna (sul baiano).
A professora foi enterrada na
tarde de ontem, no cemitério de
Camacã. A prefeitura decretou luto oficial na cidade por três dias.
"Foi uma fatalidade, mas deve
servir de lição para que outros estudantes não utilizem armas de
fogo em nenhuma situação. Espero que essa morte sirva como um
alerta para mestres e dirigentes
escolares", afirmou a delegada.
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