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POLÍCIA FORA DA LEI
Relatório irá à OEA, que pediu proteção a ex-agentes da PM
União irá vistoriar situação de presos
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria Nacional de Justiça irá inspecionar as condições de segurança dos presídios de São Paulo onde estão os quatro presos que trabalharam infiltrados em quadrilhas para o serviço de inteligência da Polícia Militar.
A vistoria é resultado de uma série de recomendações apresentadas no início desta semana ao governo brasileiro pela Comissão
Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos
Estados Americanos).
"Uma das informações que se
fez chegar à OEA é a de que não
eram as instalações mais adequadas", disse, em São Paulo, o secretário nacional da Justiça, Antonio
Rodrigues de Freitas Júnior.
A OEA foi acionada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal após o início das investigações contra o Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância) -o braço
da inteligência da PM que infiltrou presos ilegalmente, investigado hoje por tortura, abuso de
autoridade e homicídio.
Nesta semana, o governo brasileiro recebeu o documento da comissão pedindo a transferência
dos quatro presos, ex-agentes do
Gradi, para prisões federais.
"Infelizmente, não temos instalado nenhum presídio federal de
segurança máxima", afirmou o
secretário, ao explicar por que os
detentos não serão transferidos
de unidades estaduais para penitenciárias da União.
O relatório da vistoria, cuja data
não será divulgada, vai ser enviado pelo Ministério da Justiça à
OEA em, no máximo, sete dias.
O Brasil é um dos signatários da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Se não acatar as
solicitações, poderá ser citado
-com menção negativa- na
Assembléia Geral da OEA. Não há
sanção, mas ônus político.
Segundo o secretário da Administração Penitenciária de São
Paulo, Nagashi Furukawa, os
"quatro presos estão em unidades
consideradas de maior segurança
para a proteção da vida deles".
Além da transferência dos ex-agentes do Gradi, a OEA pediu ao
Ministério da Justiça que passe as
investigações à Polícia Federal. Isso porque, para a comissão, o envolvimento de autoridades da polícia e do Judiciário paulista nas
ações secretas da PM caracteriza
risco iminente à vida das testemunhas e faz com que essas instituições "não gozem da necessária
imparcialidade" na apuração.
Por enquanto, não há investigação federal sobre as ações do Gradi. (ALESSANDRO SILVA)
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