São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Segundo advogada de Farrampa Guilherme, ele foi agredido por parentes e amigos da garota antes de atirar

Suspeito de matar menina se entrega em SP

DAGUITO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

Rodrigo Henrique Farrampa Guilherme, 22, suspeito de matar Tainá Alves de Mendonça, 5, e de ferir com dois tiros o advogado Marcos Vassiliades Pereira, 34, durante briga de trânsito no último dia 11, em São Paulo, se entregou à polícia por volta das 6h de ontem, após nove dias foragido.
Ele está preso no 77º DP, em Santa Cecília (região central de São Paulo), onde deve ficar por pelo menos 15 dias.
Farrampa Guilherme foi indiciado por homicídio doloso pela morte da garota. Ontem, antes de ser encaminhado ao 77º DP, ele levou policiais ao local onde a arma do crime estaria escondida, mas ela não foi encontrada.
A advogada Elisabeth Tolgyesi Lopes disse ontem que Farrampa Guilherme alegou ter sido agredido antes de atirar. Segundo ela, o rapaz teria dito que Pereira, Fábio de Mendonça Jr., tio de Tainá, e Alexandre Certo, amigo da família, teriam cercado o Monza e forçado os ocupantes a sair do carro.
Ele também teria dito que o menor P.R.S.S., 17, preso anteontem e que dirigia o Monza, teria levado uma gravata no pescoço.
Segundo familiares de Tainá e de Pereira, não houve agressão. Um dos ocupantes do Monza desceu armado e atirou.
Segundo sua advogada, Farrampa Guilherme agiu em legítima defesa. "Ele não atirou contra o carro [onde estava Tainá", mas contra alguém que foi buscar uma arma." Na versão dela e de P., seu cliente teria atirado em Pereira e depois continuado a atirar porque o advogado teria corrido até o Kadett para pegar uma arma.
Elisabeth negou a afirmação de P. de que Farrampa Guilherme tenha participado de assaltos. O menor, preso anteontem no Cipó (zona sul) com uma quadrilha de assaltantes, disse que Farrampa Guilherme praticou de cinco a seis assaltos com eles.
Fábio Mendonça, avô de Tainá, disse ontem que a família não deseja a morte de Farrampa Guilherme. "Eu, no mínimo, desejo que ele fique preso e que assim reflita sobre o que fez."
Testemunha ouvida pela Folha, que não quis se identificar, disse que viu quando o Monza, em fuga, entrou na contramão perto da avenida Antônio Batuíra e bateu no meio-fio, furando três pneus. Os ocupantes correram para a marginal Pinheiros. A testemunha chamou a polícia e disse não ter dado depoimento.
Farrampa Guilherme foi detido por policiais do GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia Civil na portaria do Hospital Mandaqui (zona norte de São Paulo). Sua apresentação estava sendo negociada há cerca de cinco dias pelas advogadas Elisabeth e Cristina Pechirilli e pelas promotoras Mildrid Gonzalez Campi e Eliana Passarelli. A defesa exigia que a integridade do rapaz fosse preservada. Segundo a polícia, nenhum privilégio foi negociado.
As advogadas encontraram o rapaz no hospital por volta das 4h e telefonaram para as promotoras, que chegaram com a polícia.
Do hospital, ele foi levado ao 14º DP, em Pinheiros (zona oeste), que apura o inquérito. Segundo Elisabeth, ele disse em seu depoimento que só vai falar em juízo.
Depois, o rapaz fez exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) e, em seguida, foi encaminhado ao 77º DP.
O menor W., 16, apontado por P. como o terceiro ocupante do Monza, escapou de cerco policial na madrugada de anteontem, no bairro do Cipó, e está foragido.


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Estudo mostra índice de insegurança
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.