|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estudo mostra índice de insegurança
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Metade da população das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro,
Recife e Vitória foi vítima de algum tipo de crime nos últimos
cinco anos, e cerca de um terço,
em 2001. A conclusão é da Pesquisa de Vitimização 2002, realizada
pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, pela FIA-USP (Fundação
Instituto de Administração da
USP) e pelo Ilanud (Instituto Latino Americano das Nações Unidas
para a Prevenção do Delito e o
Tratamento do Delinquente)
A pesquisa foi realizada com
2.800 pessoas com mais de 16
anos -700 em cada uma das cidades- durante os meses de
abril e maio de 2002, baseada em
uma metodologia utilizada em
pesquisas comparativas envolvendo mais de 50 países.
Em média, apenas um terço das
vítimas notificou o crime à polícia. Em países desenvolvidos que
fizeram parte de uma pesquisa semelhante em 2000, metade dos
crimes foram notificados, em média. "A subnotificação é um fenômeno universal", afirmou o coordenador da pesquisa no Brasil,
Túlio Kahn, do Ilanud.
Em São Paulo, 59% dos entrevistados afirmam que a a polícia
não faz um bom trabalho para
controlar o crime na cidade e, entre os que registraram BOs, somente 26,8% se dizem satisfeitos
com o trabalho da polícia. No Rio,
embora o trabalho da polícia tenha satisfeito 48,5% dos que registraram as ocorrências, 65% do
total dos entrevistados disse que a
corporação não faz um bom trabalho para controlar o crime.
Recife foi a cidade com maior
"índice de insegurança", seguida
por São Paulo. Para calcular essa
taxa, a pesquisa considerou declarações como mudanças de comportamento -evitar locais ou
pessoas, por exemplo-, conversas sobre crime e opiniões sobre a
probabilidade de ser vítima de
roubo ou furto em 12 meses.
Em São Paulo, 72% dizem acreditar que podem ser vítimas de
furto ou roubo nos próximos 12
meses, contra 58%, no Rio e 63%,
em Vitória. A capital paulista, no
entanto, é a cidade em que menos
pessoas disseram ter conversado
sobre crime nas duas semanas anteriores à pesquisa. O Rio lidera
com 42%. São Paulo teve 30%.
Embora 83% dos paulistanos
digam que a criminalidade no Estado está piorando, comparando
com cinco anos atrás, e 62% digam que segurança é o problema
mais importante na cidade, apenas 40% afirmam que a violência
aumentou na vizinhança. O quadro é semelhante nas demais capitais. Para a pesquisa, é plausível
que a divulgação de crimes pelos
meios de comunicação seja a
maior responsável por isso.
Cerca de dois terços de todos os
entrevistados citaram a segurança
e a violência como os problemas
mais importantes enfrentados
atualmente no Brasil.
As secretarias da Segurança Pública de São Paulo e do Rio de Janeiro informaram, por meio de
suas assessorias, que não vão se
manifestar enquanto não receberem oficialmente a pesquisa. A
Secretaria da Segurança Pública
do Estado do Espírito Santo disse
que não falaria sobre o assunto.
O secretário de Planejamento e
Desenvolvimento Social de Pernambuco, José Arlindo Soares,
que teve acesso à pesquisa, disse
que os dados são um indicativo a
ser avaliado e que estão sendo implantados núcleos comunitários
de polícia, que reduzirão a sensação de insegurança.
Texto Anterior: Violência: Suspeito de matar menina se entrega em SP Próximo Texto: Percepção é base de pesquisa Índice
|