São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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Estudo mostra índice de insegurança

BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Metade da população das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Vitória foi vítima de algum tipo de crime nos últimos cinco anos, e cerca de um terço, em 2001. A conclusão é da Pesquisa de Vitimização 2002, realizada pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, pela FIA-USP (Fundação Instituto de Administração da USP) e pelo Ilanud (Instituto Latino Americano das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e o Tratamento do Delinquente)
A pesquisa foi realizada com 2.800 pessoas com mais de 16 anos -700 em cada uma das cidades- durante os meses de abril e maio de 2002, baseada em uma metodologia utilizada em pesquisas comparativas envolvendo mais de 50 países.
Em média, apenas um terço das vítimas notificou o crime à polícia. Em países desenvolvidos que fizeram parte de uma pesquisa semelhante em 2000, metade dos crimes foram notificados, em média. "A subnotificação é um fenômeno universal", afirmou o coordenador da pesquisa no Brasil, Túlio Kahn, do Ilanud.
Em São Paulo, 59% dos entrevistados afirmam que a a polícia não faz um bom trabalho para controlar o crime na cidade e, entre os que registraram BOs, somente 26,8% se dizem satisfeitos com o trabalho da polícia. No Rio, embora o trabalho da polícia tenha satisfeito 48,5% dos que registraram as ocorrências, 65% do total dos entrevistados disse que a corporação não faz um bom trabalho para controlar o crime.
Recife foi a cidade com maior "índice de insegurança", seguida por São Paulo. Para calcular essa taxa, a pesquisa considerou declarações como mudanças de comportamento -evitar locais ou pessoas, por exemplo-, conversas sobre crime e opiniões sobre a probabilidade de ser vítima de roubo ou furto em 12 meses.
Em São Paulo, 72% dizem acreditar que podem ser vítimas de furto ou roubo nos próximos 12 meses, contra 58%, no Rio e 63%, em Vitória. A capital paulista, no entanto, é a cidade em que menos pessoas disseram ter conversado sobre crime nas duas semanas anteriores à pesquisa. O Rio lidera com 42%. São Paulo teve 30%.
Embora 83% dos paulistanos digam que a criminalidade no Estado está piorando, comparando com cinco anos atrás, e 62% digam que segurança é o problema mais importante na cidade, apenas 40% afirmam que a violência aumentou na vizinhança. O quadro é semelhante nas demais capitais. Para a pesquisa, é plausível que a divulgação de crimes pelos meios de comunicação seja a maior responsável por isso.
Cerca de dois terços de todos os entrevistados citaram a segurança e a violência como os problemas mais importantes enfrentados atualmente no Brasil.
As secretarias da Segurança Pública de São Paulo e do Rio de Janeiro informaram, por meio de suas assessorias, que não vão se manifestar enquanto não receberem oficialmente a pesquisa. A Secretaria da Segurança Pública do Estado do Espírito Santo disse que não falaria sobre o assunto.
O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Social de Pernambuco, José Arlindo Soares, que teve acesso à pesquisa, disse que os dados são um indicativo a ser avaliado e que estão sendo implantados núcleos comunitários de polícia, que reduzirão a sensação de insegurança.


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