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OAB relata ameaças feitas por homens de preto
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Comissão de
Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil),
Hédio Silva Júnior, afirmou ontem que "ganhou força" a hipótese de que um grupo de intolerância, como os skinheads, tenha sido responsável pela série de ataques nos últimos dias a moradores de rua no centro de São Paulo.
Silva Júnior, que acompanha as
investigações da polícia paulista,
disse que essa avaliação se intensificou após informações dadas por
uma pessoa que mantinha contato com um dos mortos na madrugada de quinta-feira passada.
O morador de rua prestava serviços para essa pessoa e, duas semanas antes de ser atacado, afirmou a ela que deixaria de fazer esse trabalho e sairia da região por
ter sido ameaçado por um grupo
de homens de "roupa comum"
(sem ser terno) preta -uma das
cores usadas por neonazistas.
Segundo Silva Júnior, a pessoa
que deu a informação não é moradora de rua e tem credibilidade
entre entidades que trabalham
com essa população. Os nomes
dos envolvidos não foram divulgados por razões de segurança.
A polícia e as entidades que participam de uma força-tarefa criada para investigar os crimes já tinham recebido anteontem uma
carta, no ato de repúdio aos atentados, de um grupo de intolerância identificado como Organização Branco-Européia Brasileira.
O slogan da carta era "sangue, orgulho e honra". Ela atacava migrantes nordestinos e fazia apologia aos brancos.
Ainda na noite de anteontem,
duas mulheres que estavam em
uma lanchonete do Cambuci foram agredidas a socos por um homem que, segundo elas, identificou-se como skinhead e afirmou
que era contra homossexualismo.
No boletim de ocorrência, uma
auxiliar de enfermagem e uma
publicitária afirmaram que, ao
chamarem a polícia, A.V.P. teria
dito que "pessoas como ele, que
participa da morte de moradores
de rua, não têm medo da polícia".
Ele foi detido e negou ontem à tarde ter feito essa declaração.
O rapaz seria ouvido no DHPP
(Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa), que investiga
os ataques em série, mas a Secretaria da Segurança Pública, embora não descartasse, evitava relacionar os dois casos.
Envenenamento
Mais um morador de rua foi vítima de uma tentativa de homicídio no centro de São Paulo, mas
com método diferente dos golpes
na cabeça. Na tarde de anteontem, um morador de rua foi levado ao Hospital Público do Servidor Municipal com sintomas de
envenenamento. O estado dele é
gravíssimo e há risco de morte.
O episódio é parecido com um
ocorrido há cerca de um mês e
meio, quando seis moradores de
rua da região central foram levados ao mesmo hospital após terem sido intoxicados com veneno
de rato. Naquela ocasião, as vítimas foram medicadas e sobreviveram. O veneno havia sido misturado em bebidas alcoólicas,
posteriormente oferecidas a elas.
O paciente, que aparenta ter 35
anos, já chegou em coma ao hospital, às 12h57 de anteontem, levado por um carro da Guarda Civil
Metropolitana. Fora encontrado
próximo à praça da Sé. O superintendente do hospital, Giovanni di
Sarno, disse que, pelos sintomas,
é provável que tenha sido envenenado por organofosforado, substância encontrada em raticidas.
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