São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2006

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"Inquérito está à disposição", diz Lembo

Governador confirma que polícia investiga elo entre petistas e PCC, mas diz não se preocupar com o teor das gravações

Pefelista admite ter sido informado sobre as escutas em maio, mas afirma que pediu para que o fato "fosse esquecido publicamente"


DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), disse ontem que o inquérito que apura a existência ou não de vínculos entre supostos integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e alguns militantes do PT está em andamento. A afirmação contraria nota emitida também ontem pelo secretário estadual da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho,
"Os inquéritos têm de prosseguir, na parte do inquérito, ele é público, tem transparência e a sociedade pode conhecer, a imprensa, os meios de comunicação podem conhecer, porém, da minha parte, como governador de São Paulo, eu desconheço como problema político eleitoral", disse o governador, no Anhembi, na tarde de ontem.
Lembo também reconheceu que, no início da primeira onda de ataques atribuídos ao PCC, em maio, ele foi, sim, avisado pelo então secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, de que os grampos telefônicos em que presos foram flagrados dizendo que os alvos da facção eram "todos os políticos, menos os do PT" foram detectados por uma autoridade da região oeste do Estado, que, com receio de represálias, tem sua identidade preservada pela Folha.
Lembo disse que, à época, pediu que o "fato fosse esquecido publicamente". Ao ser questionado sobre o apurado no inquérito, ele disse: "Não, nem sei, nem me preocupei. Você pode falar na Secretaria da Segurança Pública, certamente, lá na Polícia Civil eles instauraram o inquérito e, eventualmente, tem algum documento, alguma coisa, mas não me preocupa não, e eu acho muito superficial isso, muito pouco importante".
Procurado pela Folha, o ex-secretário Nagashi Furukawa não quis comentar o caso.
O governador enfatizou ainda que o atual momento político eleitoral pode gerar fatos como esse em que supostos integrantes do PCC citam o nome do PT. "Num momento político eleitoral, a gente tem que preservar a democracia e isso podia criar um desgaste ao processo eleitoral e não é bom, é uma coisa ingênua, uma coisa que não deve ser levada com profundidade necessária, mas é claro que deve haver um inquérito, uma análise."
(ANDRÉ CARAMANTE)


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