São Paulo, quinta-feira, 24 de agosto de 2006

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Preso acusado de ligação com seqüestro

Manobrista suspeito de ter furtado carro usado para seqüestrar equipe de reportagem da Globo disse ter sido roubado

Apesar de estar com a prisão decretada, Luciano José da Silva estava trabalhando em um estacionamento na Vila Madalena (zona oeste de SP)


KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia prendeu ontem o manobrista Luciano José da Silva, 26, acusado de ter furtado o veículo usado no seqüestro do jornalista Guilherme Portanova e do técnico Alexandre Calado, da equipe de reportagem da TV Globo, mantidos reféns pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Ao ser detido, Silva disse que o carro fora roubado. No entanto, policiais contaram à Folha que ele mudou a versão depois e afirmou ter recebido ordens da facção para levar o carro em troca de dinheiro. Integrantes do PCC teriam pedido um carro quatro portas, grande e potente. Silva, no entanto, afirmou à polícia que desconhecia que o carro seria usado em um seqüestro.

Pedido de prisão
A prisão temporária dele havia sido decretada pela Justiça no dia 21. Ele estava foragido e, após uma denúncia anônima, foi encontrado em um estacionamento, onde havia começado a trabalhar dias atrás, na rua Fidalga, na Vila Madalena.
Outros três suspeitos de envolvimento com o crime estão desaparecidos.
A DAS (Delegacia Anti-Seqüestro) passou a investigar o envolvimento de Silva após ter descoberto que um dos carros usados no seqüestro -um Vectra- na verdade foi levado por um manobrista, e não roubado, como haviam informado um dos proprietários do estacionamento Stop Bem -onde Silva trabalhava na época. Após a descoberta, um dos donos do local, Renato Santos, disse que mentiu para não ter de ressarcir o proprietário do veículo.
Os funcionários da Globo foram seqüestrados no dia 12 de agosto. O técnico Alexandre Calado foi solto no mesmo dia, mas os seqüestradores condicionaram a libertação de Portanova à exibição de um vídeo do PCC, que acabou sendo divulgado pela emissora. O repórter foi libertado no fim da noite de domingo. Depois disso, o carro foi achado queimado na capital.

Surpresa
No estacionamento em que Silva foi detido, manobristas se disseram surpresos com a prisão. Segundo eles, Silva fez testes de direção e ingressou em uma turma nova de manobristas do Quick Park, que começou a trabalhar nesta semana. Um deles, que não quis se identificar, afirmou que Silva "estava contente com o trabalho. Só falava que tinha problema de família e que precisava do dinheiro para o aluguel. Isso tudo pegou a gente de surpresa. Não dava para imaginar".


Colaborou VICTOR RAMOS, da Redação


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