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Na porta do presídio e sem obter notícias, parentes se desesperam
Em pé e sob o sol, alguns chegaram a passar mal esperando informações
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PONTE NOVA
A falta de notícias foi o principal drama para os parentes de
presos mortos no incêndio na
carceragem da 12ª Delegacia
Regional da Polícia Civil de
Ponte Nova (MG).
Os familiares começaram a
se amontoar na porta da carceragem desde a madrugada. Sem
comer, em pé e sob o sol, alguns
passaram mal. O clima durante
todo o dia foi de incerteza sobre
a vida dos parentes presos.
Pelos rumores que ouvira e
por notícias que recolhia com
as pessoas e pelo seu rádio de
pilha, Leonardo da Silva, 50, já
imaginava que seu filho, Fernando Aparecido da Silva, 20,
ocupante da cela oito -onde
houve o incêndio-, estivesse
morto. Preso por tráfico de drogas, Fernando, segundo o pai,
conhecia Biju, o suposto chefe
de uma das gangues rivais, pois
eram do mesmo bairro. Mas
seu filho ocupava a superlotada
cela em que estaria também o
traficante rival de Biju. Leonardo manifestava indignação
com a notícia de que entrara
uma arma na cadeia.
Quem teve a primeira confirmação extra-oficial de uma
morte foi Olívia Delfino Aleixo,
18. Por meio do advogado do
marido, soube que Cristiano
Aleixo, 21, estava morto. Amparada pela mãe, ela chorava e gritava. Seu marido entrara na
carceragem havia dez dias. Disse que não sabia o motivo da
prisão, mas que ele já estivera
preso em São Paulo.
Algumas pessoas ficaram sabendo que os parentes estavam
vivos quando, a partir das 14h, a
PM começou a ler os nomes dos
presos que seriam transferidos.
Até o final da tarde, eram 113.
"É o meu filho", gritou América
Geralda Silva, 45, mãe de Jean
Carlos Silva, 20, preso há três
meses, quando ouviu o nome
dele na lista. Ela estava na porta
da delegacia desde as 2h.
Quem também estava na
porta da delegacia era a mãe de
Cléverson Cruz, um dos traficantes apontados como alvo do
tumulto. Apesar de não ter tido
notícias sobre o filho, Alice
Cruz, 53, dizia: "Eu sinto que
ele está morto".
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