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Para advogado e para arquiteto, alteração é inconstitucional
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado e professor da escola de Direito da Fundação
Getúlio Vargas Carlos Sundfeld
afirma que o projeto de lei que
altera o Conpresp é inconstitucional. Segundo Sundfeld, nesse caso há uma "usurpação" da
função do Executivo.
"Há uma interferência indevida do Legislativo num órgão
diretivo do poder Executivo",
disse. Para ele, deve ser respeitada a lei nacional de 1937 que
disciplinou o tombamento no
país e estabeleceu que as áreas
vizinhas ao bem tombado estão
sujeitas a restrição pelo órgão
de proteção do patrimônio histórico. "Mesmo São Paulo tendo um órgão próprio, deve respeitar a lei nacional", afirmou.
O arquiteto e urbanista Lúcio
Gomes Machado, professor da
FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), concorda que o projeto é inconstitucional. Em sua opinião, nas
formações anteriores do Conpresp os técnicos tinham pouca
liberdade e eram absolutamente dirigidos pelo Executivo.
"Isso ocorre justamente agora que o conselho tinha integrantes mais qualificados, que
deixou de ser teleguiado pelo
Executivo."
Para o arquiteto Paulo Bastos, que já foi presidente do
Condephaat (conselho estadual do patrimônio histórico),
submeter à Câmara as decisões
do Conpresp é o mesmo que
uma pessoa com problemas
cardíacos pedir que sua família
decida o procedimento médico
mais adequado.
"A questão é técnica e precisa
ser tratada por profissionais
qualificados. Nesse caso, há
uma invasão de atribuições por
parte do Legislativo", disse.
Ele afirma que um órgão como o Conpresp precisa ter independência e autonomia porque, se houver uma perda do
patrimônio histórico, ela é irreparável. "Não é possível remediar ou compensar uma perda
dessas", afirmou.
Na opinião do vereador Juscelino Gadelha (PSDB), que
acaba de deixar o cargo de conselheiro do Conpresp, o conselho perde sua independência e
autonomia com a aprovação do
projeto. "Isso é muito ruim."
Ele ressalta que a interferência da Câmara no Conpresp
aconteceu porque o conselho
estava "trabalhando muito"
nos últimos meses.
"Só porque preservou deu esse problema. Se [o conselho]
fosse mais liberal isso não
aconteceria. A cidade vai perder", afirmou o vereador.
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