|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Faltam 55 mil vagas nas prisões do Estado
Levantamento foi feito pela secretaria de Administração Penitenciária
Na Grande São Paulo, 21.670 detentos não têm lugar em prisões, hospitais ou centros provisórios; unidade feminina é a mais cheia
ADRIANA FERRAZ
ALINE MAZZO
DO "AGORA"
O Estado de São Paulo precisa criar 55 mil vagas para solucionar o problema de superlotação das unidades prisionais.
Apenas na região metropolitana há 21.670 presos sem lugar
em penitenciárias, CDPs (Centros de Detenção Provisória),
hospitais e centros de progressão penitenciária. Os dados são
da própria SAP (Secretaria da
Administração Penitenciária).
A população carcerária já
atinge 149.647 no Estado, o
equivalente à população de São
Caetano do Sul (ABC). Cerca de
38% dos presos estão concentrados em 33 das 147 unidades
coordenadas pela secretaria.
Outros 11 mil detentos estão
em cadeias públicas e, por conta disso, não fazem parte do levantamento.
Na lista da SAP, a Penitenciária Feminina da Capital é, proporcionalmente, a mais cheia.
São 759 presas em celas capacitadas para receber 251 -três
vezes mais. No ranking das dez
unidades mais problemáticas
do Estado há sete CDPs. Os
centros que deveriam abrigar
presos aguardando julgamento
assumem o papel de penitenciárias. Os principais exemplos
estão na capital, em Santo André e em Hortolândia.
"São infernos na terra. Os
CDPs funcionam como Carandirus de porte médio, com o
agravante de que a estrutura
não é a mesma dos presídios.
Lá, a carência é absoluta. Faltam colchões, funcionários, remédios e até água", diz Alessandra Teixeira, do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais.
Para a especialista, há uma
produção em massa de encarcerados aliada a uma restrição
dos direitos de execução. "O
uso de prisões provisórias é intenso, ao contrário do que
acontece com os centros de
progressão de pena ou ressocialização, onde sobram vagas."
Segundo a SAP, o excedente
de presos no Estado é de 58%, a
mesma média observada no
Brasil. A taxa deve aumentar
até a entrega de novos presídios
-o governo planeja construir
49 (leia texto ao lado) -se o total de prisões efetuadas pela
Polícia Militar for mantido. Em
2008, foram 102 mil.
Para a socióloga Paula Ballesteros, do Núcleo de Estudos da
Violência da USP, não há solução a curto prazo, mas ela passa
por uma mudança nos poderes
Executivo e Legislativo, além
da sociedade. "Construir presídios não é suficiente. É preciso
haver uma assistência jurídica". Segundo ela, a superlotação viola também o direito das
pessoas livres, que se sentem
inseguras com riscos de rebeliões e fugas.
Turnos
A dona de casa M.B., 37 anos,
sabe como funciona a realidade
por trás das grades do CDP
(Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros.
Seu filho, preso há oito meses, tem de dividir uma cela
com 32 pessoas. "Pelo que eu
sei, o número correto deveria
ser 20, mas não é. Com isso,
metade dorme das 22h às 4h,
enquanto outra parte dorme
das 4h às 10h", revela.
Texto Anterior: Bares da Augusta montam "campana" contra fiscais do Psiu Próximo Texto: Outro lado: Secretaria prevê 39.540 vagas até 2011 Índice
|