|
Próximo Texto | Índice
Material escolar terá selo de segurança e qualidade
Produtos só poderão ser vendidos no país após certificação do Inmetro
Regra também valerá para itens importados; indústria terá um ano para se adaptar às regras do instituto
FERNANDA BASSETTE
DE SÃO PAULO
Paula tinha menos de cinco anos quando comeu metade de uma borracha cor-de-rosa, com aroma de morango. Sua irmã, Marta, também
aprontou quando pequena:
engoliu cola enquanto fazia
colagens em casa.
"Ainda bem que não aconteceu nada sério, foi só o susto. Elas não tiveram nenhuma reação", conta a empresária Ana Maria Sala Mantovanelli, 44, mãe das garotas,
que ficou apreensiva com a
possibilidade de intoxicação.
Para evitar sustos como esses, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) vai exigir a certificação
compulsória de todo o material escolar destinado a crianças de até 12 anos.
A expectativa do instituto
é publicar a resolução no
"Diário Oficial" da União até
o final de setembro.
Os fabricantes terão um
ano para se adaptar e os revendedores terão seis meses
a mais para zerar o estoque.
LÁPIS E BORRACHA
O selo do Inmetro deve garantir, por exemplo, que a
garrafinha da lancheira não é
tóxica ou que a borracha na
ponta do lápis preto não vai
se descolar (podendo ser engolida facilmente).
O objetivo também é assegurar a eficiência do material
vendido, para que o consumidor não adquira canetinhas que ressecam facilmente, por exemplo.
Os produtos passarão por
testes químico, mecânico e físico -em alguns casos, também por elétrico e biológico.
"Recebemos de três a quatro ligações por mês de pais
questionando a segurança
de materiais escolares", diz
Gustavo Kuster, do Inmetro.
A pedagoga Patrícia Troncoso Guerreiro, 39, por exemplo, se assustou quando a filha de três anos tentou
"apontar o dedo mindinho"
em um apontador colorido,
em formato de sapo. A menina só não se machucou porque o produto era seguro.
CONCORRÊNCIA
Produtos escolares importados representam hoje de
20% a 30% das vendas de
material escolar no Brasil e
também serão submetidos às
regras brasileiras.
"A decisão vai ajudar a indústria nacional, já que os
produtos importados quase
sempre são de qualidade
questionável", diz Antônio
Nogueira, presidente do Simpa, sindicato das papelarias.
Marcos Romero, da associação de fabricantes de material escolar, diz que comemora a decisão "não pela
proteção da indústria nacional, mas porque essa era
uma pendência do setor".
Próximo Texto: País não tem dados sobre intoxicações Índice
|