São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2011

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Gêmeos morrem após hospitais no PA dizerem não ter vaga para parto

Casal de Belém recorreu aos bombeiros, que ajudaram no nascimento de um dos bebês na ambulância

Após soldado dar voz de prisão a médica, mãe recebeu atendimento; hospitais apuram falhas e polícia abrirá inquérito

FELIPE LUCHETE
DE BELÉM

Uma grávida de 27 anos perdeu os filhos gêmeos ontem de manhã em Belém depois que dois hospitais disseram não ter vagas para atendê-la no trabalho de parto.
Uma médica e duas enfermeiras da Santa Casa foram conduzidas à delegacia para esclarecimentos. Os corpos dos bebês foram para perícia para verificar se houve negligência e omissão de socorro. A polícia abrirá inquérito.
O pai dos bebês, Raimundo Cícero Farias, 33, disse que levou a mulher por volta de 4h30 à Santa Casa, onde ela fazia o acompanhamento pré-natal.
"Eu disse que a gravidez era de alto risco, mas o guarda nos despachou, falou que não tinha vaga."

DORES
O casal procurou o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, mas também não foi atendido. A mulher de Farias, Vanessa do Socorro Costa, ficou na calçada durante uma hora e meia reclamando de dores.
Ele pediu apoio do Corpo de Bombeiros e voltou à Santa Casa numa ambulância.
Às 7h30, enquanto o casal esperava autorização para entrar na unidade, a bolsa se rompeu e um bombeiro fez o parto de um dos bebês, que nasceu morto.
Um soldado do Corpo de Bombeiros deu voz de prisão à médica plantonista Cíntia Lins, alegando omissão. Só depois Vanessa foi atendida e teve o outro filho, que também nasceu morto. Ela continua internada. A médica será intimada a depor.
"Minha mulher está abalada, chora toda hora. Ela levou as roupinhas dos meninos, mas vai voltar [para casa] só com as roupas", disse Farias.

OUTRO LADO
Em nota, a Santa Casa admite que não tinha vagas e diz que abrirá sindicância. Afirma ainda que a mulher estava com 30 semanas de uma gravidez de alto risco.
O secretário estadual de Saúde, Helio Franco, afirmou que, mesmo com a superlotação, ela deveria ter sido encaminhada para um leito até que fosse transferida para outro hospital.
O Hospital de Clínicas admitiu que não tinha vagas disponíveis e que vai investigar a recusa no atendimento.


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