UOL


São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AMBIENTE

Chapada dos Veadeiros (GO) é uma das mais afetadas; para o Ibama, fogo é proposital ou provocado por manejo agrícola

Incêndios atingem 4 áreas de conservação

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Os incêndios em áreas ambientais estão se espalhando rapidamente pelo país desde o final de semana. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) está com as suas principais brigadas em ação. São quatro áreas de conservação com vários focos de incêndio, entre elas a Chapada dos Veadeiros (GO).
Em Minas Gerais, havia registro de incêndio ontem em seis municípios da região metropolitana de Belo Horizonte, com destaque para a mata da Copasa, a companhia de saneamento do Estado, na cidade de Nova Lima.
Incêndio de grandes proporções atingia também a reserva do Panga, em Uberlândia, da UFU (Universidade Federal de Uberlândia), de 400 hectares. A assessoria de imprensa da universidade informou que 60% da reserva foi atingida.
Com a seca neste período, o fogo se alastra com facilidade, mas são duas as causas principais, de acordo com Heloiso Bueno Figueiredo, coordenador do Prevfogo (Programa de Prevenção e Controle das Queimadas e Incêndios Florestais) do Ibama em Brasília: o incêndio proposital e os provocados por manejo agrícola sem os devidos cuidados.
Essas duas causas estão presentes no incêndio da Chapada dos Veadeiros, onde 70 homens tentavam controlar os 15 focos, de acordo com Figueiredo.
A parte norte da reserva é a mais atingida, diz o coordenador do Ibama. A causa principal nessa região foram as queimadas provocadas por agricultores da cidade de Cavalcante.
Um helicóptero, vários veículos e carros especiais que permitem entrar em áreas de difícil acesso estão sendo usados. O fogo ameaçava o rio Preto pela margem esquerda, mas as brigadas conseguiram evitar o avanço.
Figueiredo disse que ainda não foi possível dimensionar o total de área queimada na chapada, onde o Ibama espera controlar o fogo até amanhã, justamente para poder deslocar as equipes para outras unidades.

Tocantins
Uma delas é o Parque Nacional do Araguaia, no Estado dos Tocantins, onde cerca de 40 homens devem iniciar somente hoje o combate ao incêndio, que põe em risco 100 mil hectares.
O atraso, segundo ele, é pelo fato de lá existirem reservas indígenas. Foi necessário negociar com a Funai antes de iniciar os trabalhos. O parque possui área de 557.714 hectares. Está localizado no norte da ilha do Bananal.
O fogo destrói também em Tocantins a Estação Ecológica de Serra Geral. Tentam controlá-lo 25 homens. Os problemas lá são com os posseiros.
A área é composta por antigas fazendas sem regularização agrária. Os posseiros promovem manejos agrícolas de forma indiscriminada e sem cuidados. É o sexto incêndio neste ano. A estação fica perto do Parque Estadual do Jalapão, também atingido.
Mais 20 brigadistas do Ibama estão em alerta também na serra das Araras (MT). O fogo está nas proximidades do parque. O fogo foi debelado no Parque Nacional da Serra da Canastra (MG).

Ilha Grande
No Parque Nacional do Ilha Grande, no Paraná, são cerca de 150 pessoas e três helicópteros para combater o fogo que começou no domingo, segundo o coordenador do Prevfogo.
Um batalhão do Exército de Guaíra, uma equipe da hidrelétrica de Itaipu e a Defesa Civil do Paraná ajudam no combate ao incêndio, que já se espalhou por 30 km em linha reta e atingiu a mata ciliar da lagoa Jatobá.
No final da tarde de ontem, a diretora do parque, Maude Nanci Motta, disse que o incêndio ainda estava descontrolado. Suspeita-se de incêndio criminoso. "Constatamos a prática do crime em 98% dos casos, mas é muito difícil pegar o culpado", disse a diretora.


Colaborou MARI TORTATO, da Agência Folha, em Curitiba


Texto Anterior: Paraíba: Cinco morrem em troca de tiros com a PF
Próximo Texto: Estrada em obras: Interdição na Dutra em SP vai durar 2 meses
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.