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ARQUITETURA DA EXCLUSÃO
Prefeito afirma que na passagem subterrânea da avenida Paulista há "ameaças à vida, drogas"
É bobagem ligar obra a higienismo, diz Serra
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito José Serra (PSDB-SP)
considera "uma bobagem completa" afirmar que a colocação de
rampas na passagem da Paulista
seja uma medida higienista.
"Há ameaças à vida lá, drogas,
tudo o mais. Tem gente que está
confundindo limpeza, tirar lixo,
limpar a cidade, combater outdoors despudorados e tudo o
mais com [medida] higienista."
Segundo o subprefeito da Sé,
Andrea Matarazzo, não há razão
para polêmica. "Ver apenas o aspecto isolado de fazer uma rampa
é uma forma muito simplista ou
mal-intencionada de olhar. Nós
não estamos falando do problema
de moradores de lá. Estamos tratando de um ponto de assaltos."
Ele diz que pode ser feito um paralelo com um local mal iluminado onde ocorrem estupros. "O
que devemos fazer? Não iluminar
para não espantar o estuprador?
Temos de nos omitir?"
Matarazzo diz que a medida pode evitar que a situação na passagem fique parecida com a do túnel Rebouças, no Rio de Janeiro,
onde ocorrem muitos crimes.
Mas ressalta que não é a única
ação realização pela prefeitura.
"Só ela [rampa] não resolve a situação. O acompanhamento dos
moradores de rua é feito pela Secretaria da Assistência Social, que
realiza abordagens no local há um
mês", afirma.
De acordo com ele, outros viadutos, como o da Amaral Gurgel,
não têm assaltos e, por isso, a medida não será repetida.
Ação Social
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social
informou que suas equipes têm
realizado "sistematicamente"
abordagens às pessoas em situação de rua da passagem, "na tentativa de estabelecer vínculos e
encaminhá-los para um dos equipamentos da rede".
"Embora alguns moradores demonstrem resistência em ser encaminhados para os albergues, os
agentes sociais são incansáveis
em sua missão de abordagem e
convencimento", diz nota oficial
da secretaria. "No caso dos moradores do complexo viário citado,
os agentes conseguiram realizar
um encaminhamento no dia 12,
cinco no dia 14 e três no dia 15 de
setembro", continua a nota.
Em relação às crianças e adolescentes (há algumas vivendo no local), a pasta diz que a abordagem
é mais delicada e demorada. "O
encaminhamento não pode ser
forçado. É necessária a concordância da pessoa abordada. A intenção da secretaria não é constranger nem cercear o direito de ir
e vir das pessoas", diz o texto.
Segundo a pasta, os albergues e
casas de atendimento à população de rua têm vagas.
(AFRA BALAZINA E VICTOR RAMOS)
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