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Em 24 h, Virada Esportiva reúne 1 milhão
Cálculo é da Prefeitura de São Paulo, que esperava público menor nos 400 eventos; do total, 300 mil eram competidores
Participantes reclamaram das grandes filas,
dos congestionamentos e da falta de informação sobre as atividades
Ricardo Nogueira/Folha Imagem
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Grupo de ciclistas passa em frente da estação da Luz, de noite |
ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Sol de rachar, temperatura
na casa dos 33C, duplas de
sunga jogam futevôlei numa
quadra de areia. Lutadores de
esgrima, vestidos a caráter,
duelam sobre a marquise de
um parque. Adultos e crianças
escorregam numa tirolesa, como se estivessem no meio do
mato. Nem parecia São Paulo.
Mas as filas gigantescas, o engarrafamento, até de madrugada, e a falta de informação não
deixavam dúvida.
Cenas da primeira edição da
Virada Esportiva, série de atividades variadas, de futebol de
botão a esportes náuticos, que
totalizaram 400 eventos em
230 locais da cidade, das 14h de
sábado às 14h de ontem.
Inspirada na Virada Cultural,
que acumula três edições, a versão esportiva teve um público
acima do esperado -cerca de 1
milhão, sendo 300 mil deles
competidores, segundo a prefeitura. A previsão inicial era de
reunir 100 mil pessoas.
"Eu não gosto de fila. O paulistano não quer mais fila. Mas
esse é o primeiro evento. Assim
como a Virada Cultural, a terceira ou quarta edição da esportiva será um sucesso", diz o
secretário municipal de Esportes, Walter Feldman. "A expectativa era de uma juventude
bombando, por isso o policiamento foi reforçado."
Se a segurança foi o forte
-policiais militares, seguranças e guardas metropolitanos
em carros e motos patrulhavam os locais-, a falta de informação desapontou alguns.
Há 25 anos vivendo em São
Paulo, o norte-americano John
Macy, 50, encarou duas horas
de fila para deixar três filhos
praticarem tirolesa, no final da
noite de anteontem, no Memorial da América Latina. "Não
achei informações sobre a programação. Fui ao Ibirapuera
buscar um folheto. Não achei.
Eles deveriam divulgar melhor
da próxima vez, porque é uma
iniciativa fabulosa", diz Macy.
Fã de esportes, o engenheiro
Tiago de Oliveira, 28, estava ontem de bike no parque Villa-Lobos, onde, além de futevôlei e
vôlei de praia, teve uma luta de
esgrima sobre a marquise.
Também se sentiu desinformado sobre o evento.
"Poderia ter alguém dos organizadores na entrada do parque falando sobre as atividades.
Eu jogo basquete. Onde posso
praticar no dia em homenagem
ao esporte? Não faço idéia."
O secretário Walter Feldman
nega falta de informações.
"Distribuímos 300 mil guias e
disponibilizamos o site", diz.
Carros e corredores
O engarrafamento foi outra
constante nos arredores dos
principais locais. Quem tentou
trafegar pela avenida 23 de
Maio, sentido bairro, e pelas
ruas paralelas ao parque Ibirapuera, de manhã, enfrentou
longos trechos de lentidão.
Houve interdições por conta da
Maratona de Revezamento Pão
de Açúcar, que fez parte das atividades da Virada Esportiva.
Eniraci Fabre, diretora do
Departamento de Promoção de
Esporte e Lazer da Secretaria
Municipal de Esportes, disse
que 25 mil atletas se inscreveram para a maratona, que contou ainda com mais 2.500 não-inscritos. Como se não bastasse
os corredores, o público lotou
ontem o parque. Havia fila até
para usar o bebedouro.
O engenheiro Wilson Saiki,
45, que se considera um veterano em maratonas na região do
Ibirapuera, não sabia que ela
havia sido incorporada à virada. Neste ano, além do filho Willian, 15, que acompanhou o pai
pela terceira vez, Saiki trouxe o
amigo Joel Kimura, 54, também engenheiro. "Estava me
preparando havia três meses.
Mas não tinha corrido na rua,
só na academia. Achei incrível",
disse Kimura, que se dizia empolgado para encarar a próxima
maratona no ano que vem
-com ou sem engarrafamento.
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