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Diretor do setor de inteligência da polícia deixa o cargo
Domingos Paulo Neto ficou descontente com o afastamento de um delegado subordinado que integra o comando de greve
Saída provocou mudanças em três dos principais cargos do 2º escalão da polícia; Serra diz que não interfere nas alterações
DA REPORTAGEM LOCAL
Descontente com o afastamento de um delegado subordinado que integra o comando
de greve da corporação, Domingos Paulo Neto deixou ontem a direção do Dipol (departamento de inteligência), o que
levou a mudanças em três dos
principais cargos do segundo
escalão da Polícia Civil.
Paulo Neto, que não deu entrevistas, entregou o cargo após
a delegado Sérgio Marcos Roque, um dos principais líderes
da paralisação, ser transferido
pelo secretário da Segurança
Pública, Ronaldo Marzagão.
O descontentamento de Paulo Neto com Marzagão foi confirmado por policiais civis ligados ao movimento grevista.
O secretário decidiu pela
transferência ao saber que Roque atuava no setor de inteligência, um dos mais estratégicos da polícia. Lá são reunidas
informações sobre a greve consideradas vitais pelo governo.
Atual presidente da Adpesp
(associação dos delegados), Roque era assistente da diretoria
do Dipol e foi conduzido ao Decap (Departamento de Polícia
Judiciária da Capital), setor da
Polícia Civil que coordena os 93
distritos policiais da capital.
A Folha apurou que o delegado Paulo Neto tinha uma ótima avaliação do governo. Contudo, ele teria se sentido desautorizado ao receber a ordem
para demitir seu subordinado.
Novo comando
Gaetano Vergine, delegado
que ocupou por cerca de um
mês a Corregedoria Geral da
Polícia Civil, assumirá o Dipol.
O novo corregedor-geral é Alberto Angerami, que deixa o
DAP (Departamento de Administração e Planejamento).
No DAP, quem assume é Ana
Paula Batista Soares, que até
ontem era diretora de divisão
da Delegacia Geral da Polícia
Civil. Segundo a secretaria, ela
será a primeira mulher a compor o Conselho da Polícia Civil.
Marzagão também determinou que o delegado-geral da
Polícia Civil, Maurício José Lemos Freire, nomeasse o delegado Aldo Galiano Junior, que há
um mês foi tirado por Freire da
direção do Decap, para chefiar
a Deatur (Divisão Policial de
Portos, Aeroportos, Proteção
ao Turista e Dignatários).
Aval de Serra
Ontem à tarde, ao comentar
o afastamento de Roque Neto, o
governador José Serra (PSDB)
disse que delega decisões sobre
cargos na polícia à Secretaria da
Segurança Pública.
Conforme a Folha apurou,
Marzagão nem chegou a consultar Serra para tratar da suposta punição ao líder grevista.
"Eu não interfiro em nenhuma nomeação nem em afastamento dentro da polícia. Para
mim, os responsáveis são o secretário da Segurança, o delegado-geral, o comandante da
PM e o chefe da Polícia Científica. Esses nomes eu aprovo. O
restante, é responsabilidade
deles", afirmou Serra.
Policiais que pediram anonimato disseram à reportagem
que o objetivo do governo com
a transferência de Roque é colocá-lo no comando de uma das
delegacias da capital.
Envolvido com o dia-a-dia na
delegacia, o delegado teria menos tempo para se dedicar às
questões sindicais. No novo
cargo, ele também perderá
acesso a informações da Polícia
Civil, uma forma de minar ainda mais o movimento de greve.
A Secretaria da Segurança
Pública afirmou, por meio de
sua assessoria de imprensa,
que não comentaria a entrega
do cargo de Paulo Neto.
Já o delegado Roque, mesmo
contrariado, preferiu não comentar sua transferência. "Policial é policial em qualquer lugar", limitou-se a dizer.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, LUIS KAWA
GUTI E ANDRÉ CARAMANTE)
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