São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 2008

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Diretor do setor de inteligência da polícia deixa o cargo

Domingos Paulo Neto ficou descontente com o afastamento de um delegado subordinado que integra o comando de greve

Saída provocou mudanças em três dos principais cargos do 2º escalão da polícia; Serra diz que não interfere nas alterações

DA REPORTAGEM LOCAL

Descontente com o afastamento de um delegado subordinado que integra o comando de greve da corporação, Domingos Paulo Neto deixou ontem a direção do Dipol (departamento de inteligência), o que levou a mudanças em três dos principais cargos do segundo escalão da Polícia Civil.
Paulo Neto, que não deu entrevistas, entregou o cargo após a delegado Sérgio Marcos Roque, um dos principais líderes da paralisação, ser transferido pelo secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão.
O descontentamento de Paulo Neto com Marzagão foi confirmado por policiais civis ligados ao movimento grevista.
O secretário decidiu pela transferência ao saber que Roque atuava no setor de inteligência, um dos mais estratégicos da polícia. Lá são reunidas informações sobre a greve consideradas vitais pelo governo.
Atual presidente da Adpesp (associação dos delegados), Roque era assistente da diretoria do Dipol e foi conduzido ao Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), setor da Polícia Civil que coordena os 93 distritos policiais da capital.
A Folha apurou que o delegado Paulo Neto tinha uma ótima avaliação do governo. Contudo, ele teria se sentido desautorizado ao receber a ordem para demitir seu subordinado.

Novo comando
Gaetano Vergine, delegado que ocupou por cerca de um mês a Corregedoria Geral da Polícia Civil, assumirá o Dipol. O novo corregedor-geral é Alberto Angerami, que deixa o DAP (Departamento de Administração e Planejamento).
No DAP, quem assume é Ana Paula Batista Soares, que até ontem era diretora de divisão da Delegacia Geral da Polícia Civil. Segundo a secretaria, ela será a primeira mulher a compor o Conselho da Polícia Civil.
Marzagão também determinou que o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício José Lemos Freire, nomeasse o delegado Aldo Galiano Junior, que há um mês foi tirado por Freire da direção do Decap, para chefiar a Deatur (Divisão Policial de Portos, Aeroportos, Proteção ao Turista e Dignatários).

Aval de Serra
Ontem à tarde, ao comentar o afastamento de Roque Neto, o governador José Serra (PSDB) disse que delega decisões sobre cargos na polícia à Secretaria da Segurança Pública.
Conforme a Folha apurou, Marzagão nem chegou a consultar Serra para tratar da suposta punição ao líder grevista.
"Eu não interfiro em nenhuma nomeação nem em afastamento dentro da polícia. Para mim, os responsáveis são o secretário da Segurança, o delegado-geral, o comandante da PM e o chefe da Polícia Científica. Esses nomes eu aprovo. O restante, é responsabilidade deles", afirmou Serra.
Policiais que pediram anonimato disseram à reportagem que o objetivo do governo com a transferência de Roque é colocá-lo no comando de uma das delegacias da capital.
Envolvido com o dia-a-dia na delegacia, o delegado teria menos tempo para se dedicar às questões sindicais. No novo cargo, ele também perderá acesso a informações da Polícia Civil, uma forma de minar ainda mais o movimento de greve.
A Secretaria da Segurança Pública afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria a entrega do cargo de Paulo Neto.
Já o delegado Roque, mesmo contrariado, preferiu não comentar sua transferência. "Policial é policial em qualquer lugar", limitou-se a dizer.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, LUIS KAWA GUTI E ANDRÉ CARAMANTE)



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