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Empregada tenta há 3 dias registrar sumiço do filho, deficiente auditivo
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A empregada doméstica Maria Aparecida Silva, 56, tenta,
desde o último domingo, registrar um boletim de ocorrência
após o desaparecimento do filho, um deficiente auditivo de
17 anos. Depois de ter passado
por duas delegacias, na periferia da zona sul, ela desistiu de
recorrer aos policiais civis, em
greve há oito dias, e resolveu
sair sozinha à procura do rapaz.
Com uma foto 3x4 do filho
Gustavo Pascoal da Silva nas
mãos, ela foi no próprio domingo na delegacia mais perto de
sua casa, no Campo Limpo. "No
37º DP, um delegado disse que
estava em greve e me mandou
procurar a internet. Mas eu não
sei nem o que é isso", disse.
Na segunda-feira, ela buscou
informações sobre o rapaz em
hospitais, escolas e bares. Sem
sucesso, voltou à polícia ontem.
Foi ao 11º DP de Santo Amaro,
cujos policiais também estão
em greve, e de novo não foi
atendida. Dessa vez, eles disseram que não iriam registrar a
ocorrência lá, porque o menino
sumiu em outro bairro -Campo Limpo, a 10 km do DP (Distrito Policial). "No 11º DP, falaram que o sumiço dele foi perto
do 37º e eu deveria voltar lá e
fazer o boletim de ocorrência".
Desde o início da greve, policiais civis têm feito apenas
ocorrências graves-roubos e
homicídios. Em casos de furto
ou desaparecimento, a orientação é para que a vítima registre
a queixa na internet.
A paralisação afeta mais as
delegacias da periferia e do interior do Estado, já que os delegados de DPs de regiões mais
centrais temem aderir ao movimento e serem transferidos.
Sem celular ou telefone em
casa, Maria Aparecida diz ter já
"tomado umas 20 lotações" em
busca de Gustavo. Para a mãe, o
rapaz não teria motivos para
fugir da casa, numa favela, onde
mora com ela e dois irmãos.
"Ele já ficou fora de casa um
dia, mas voltou. Mas agora é diferente. Estava feliz. Acho que
alguém mau o pegou", disse.
Policiais do 37º DP não explicaram a razão de o boletim não
ter sido feito e disseram que,
caso ela volte hoje, será atendida. Policiais do 11º DP também
não souberam dar explicações.
A Secretaria da Segurança Pública informa que repudia policiais que não atendam à população e a orienta a denunciar
esses policiais à Corregedoria.
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